12 de dezembro de 2012

Diálogos de Platão no Brasil e a ética


Os diálogos eram forma concreta de debate que gerou um grande patrimônio para a humanidade que se sustenta até hoje.O que tinham de mais profundo era o debate em si, que proporcionava a cada um que dele participasse, a oportunidade de manifestar o seu ponto de vista.
Acho que no Brasil regredimos nesse ponto. Será que somos capazes de sustentar diálogos? Estamos criando um ambiente do nosso blog no Facebook, com a ajuda do nosso grande amigo Caio Márcio Rodrigues. Vocês querem participar?

A questão da ética
Com frequência nos diálogos de Platão se fala do amor. Pergunto, há maior manifestação de amor do que a Ética? Do que a Virtude?

O que é então a Ética? Existem tantas definições! Tantas filosofias originais de pensamento. Na tentativa de responder cabem algumas perguntascomo alimento para o nosso Diálogo. (1) Por que ao longo dos séculos se considera que o primeiro mandatário de uma nação deva ser o altar da ética do seu povo, da sua nação?(2) Por que no ambiente das empresas, Peter Drucker disse que o papel do presidente é o de dar à empresa a sua personalidade e ética?(3) Por que ao longo dos séculos, trair o altar da ética era o pior crime que um governante podia praticar? Traição à sociedade?

Esse pensamento existiu. Foi realidade. Foi fator maior da preservação de nacionalidades, de sociedades, de povos. Ética sempre manteve povos unidos.

Para a sustentação do nosso diálogo, cabe a pergunta: Teria sido então a Ética, ou a cobrança do respeito à moralidade, do cumprimento das regras éticas o que teria mantido povos unidos ao longo de séculos? O que levou à desunião de tantos povos?

Voltemos à nossa atualidade e vamos tomar conhecimento de estudos de término recente, conduzidos por pesquisadores como o biólogo Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard. Em texto de Jeronimo Teixeira, a respeito do trabalho de Wilson, aprendemos que a evolução do altruísmo é o problema teórico central da sociobiologia, ciência que busca entender em bases biológicas o comportamento social de animais e do homem. Grosseiramente, podemos dizer que a bondade gera progresso econômico. Esta é outra realidade. Os fatos comprobatórios existem. Se ética é uma manifestação de amor, então ética conduz ao bem de sociedades e nações.

Vamos agora retroceder novamente alguns séculos e nos fixar no que nos conta hoje o historiador Gordon Wood. Ele tem uma abordagem magistral sobre o que foi a ação dos Fundadores dos Estados Unidos. Escreveu: ser um americano não é ser alguém. É acreditar em alguma coisa. Fantástico! Absolutamente fantástico.

No caso, era acreditar em um conjunto de ideias que representavam cenários de liberdade, respeito e convivência em sociedade. O historiador comenta que esse credo permaneceu importante até a 2a Guerra Mundial, quanto o aparato burocrático de governo para sustentar a guerra começou a pesar na vida dos americanos. O aumento do poder do estado acabou por minar princípios centrais de ética e liberdade (Liberty Defined, Ron Paul).

Quando morava em Milão na década dos anos 60, percebi um dia que as igrejas e outros locais de coletividades ficavam cheios à noite. Um frio danado. Pesquisando descobri que a razão eram debates sobre os programas de governos dos diferentes partidos. A população do bairro estava presente. Discutiam programas a serem executados. Não discutiam nomes de políticos. Naquela época, de um período de crise crônica, a Itália encontrou um longo período de crescimento. Havia todo um conjunto de ideias. A luta por elas fez bem.

Temos então algumas questões a mais para a colocar nesse Debate. (4)Por que que podemos deduzir que dimensão de estado e ética são entidades antagônicas?(5) Por que Estado hipertrofiado, pesado, grande, não tem ética? Portanto, Estado pesado, grande, não constrói riqueza? Buscando apoio na fala de Gordon Wood, vamos então a uma outra pergunta: (6) em que os brasileiros acreditam?

Se estudarmos a busca primal do homem, aprendemos que sempre existiram ciclos de demandas: ter comida, roupas, moradia, como um primeiro ciclo de atendimento de necessidades. Em seguida o acesso ao trabalho, estudo, deslocamento. Depois vem a família, a preservação do ambiente familiar, o direito ao futuro, o laser e por fim o alimento para a alma.

Temos no Brasil segmentos de população nos diferentes ciclos de demanda. Os que apenas tentam sobreviver, os que desistiram de sobreviver, os que sobrevivem e querem crescer, os que já têm outras necessidades diferenciadas. O mesmo acontece em tantos outros países. Por outro lado, sabemos que sociedades de consumo apenas consomem, não pensam e não lutam. O consumo as anestesia, fazendo esquecer a necessidade de luta por uma sociedade melhor.

Nesse contexto e universo de necessidades, vem a nossa pergunta final: (7) há espaço no Brasil para acreditarmos em alguma coisa pela qual valha a pena lutar, sair do nosso conforto passivo, lascivo e crônico e levantar algo de bom como bandeira da sociedade?


Luiz Bersou


18 de setembro de 2012

O MENSALÃO, A EDUCAÇÃO, A FORMAÇÃO DO HOMEM E A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE


FORMAÇÃO DO HOMEM
A questão da qualidade da nossa sociedade e sua capacidade de construir o futuro que queremos, está cada vez mais merecendo atenção e preocupação de muitos. Existem aqueles que acham que tudo vai dar certo e aqueles que são mais conservadores e mostram preocupações por várias razões. Diante desta divergência cabe a pergunta: Estamos construindo as bases para o futuro que queremos? Que futuro queremos ? Que bases são estas?
Na Grécia antiga, a educação era o centro das preocupações da sociedade. O tema “Paidéia” (Werner Jaeger), conjunto de conceitos ligados à civilização, cultura, tradição, literatura e educação,buscou a formação de um elevado tipo de Homem. O Homem Virtuoso. Segundo Heródoto, a idéia da educação representava todo o sentido do esforço humano.
Para os Gregos, a educação não era um esforço individual. A tarefa da Educação pertencia por essência à comunidade, era dever de todos. Cabe aqui uma frase da tradição chinesa - É preciso toda uma aldeia para educar uma criança. Da educação deve resultar a consciência viva que rege e direciona os caminhos da sociedade virtuosa.
A sociedade virtuosa é aquela que gera os verdadeiros homens, o ser completo. O caminho da perfeição era e é o caminho da educação. O caminho da perfeição era o da vida de qualidade em sociedade, vida em comunidade, em família, nestes tempos atuais, vida em equipe. Vida virtuosa.
O relato histórico nos conta que os Espartanos foram grandes guerreiros. Sutileza: a unidade mínima do exercito espartano não era um soldado. Era uma dupla de soldados. Ataque e defesa. Equipe.
Da virtude vem o espírito que era designado como o da região da verdade e belezas eternas. Foi nesta atmosfera que os gregos nos deixaram o seu legado, tão acima das nossas atuais percepções do que deve ser a vida em sociedade.

A EDUCAÇÃO
Examinando a raiz latina da palavra educação, verificamos visão de transferir conhecimento, fazer obedecer, fazer com que aprendam o que o professor sabe. A relação entre professor e aluno é unívoca, direcionada de cima para baixo.
Analisando as raízes gregas da palavra educação “διδασκω – didasko”,encontramos as expressões diálogo, contestação, contextualização, experimentação e revisão. Lendo os grandes clássicos gregos nos damos conta de como a contestação era valorizada.
Havia uma relação biunívoca entre mestre e aluno e a visão da experimentação levava ao enfrentamento da realidade, tal como ela era. Aqui entra uma fala sábia de Regina Migliori em congresso sobre educação: o melhor lugar para o conflito é a sala de aula. O grande legado dos professores é ensinar os alunos a exigir e lutar por princípios e fundamentos.
Deste passado nos vem a expressão “Talòs”, “estar com os deuses”. Era a preocupação dos mestres que seus alunos vivessem com os deuses. De “Talòs” nos vieram as expressões “talento” e “vocação”. Deste legado nos chegam acervos que nos surpreendem: a visão do legislador – educador, questão impensável no momento atual de nossa sociedade, a visão educação – honra, deixada nos textos de Homero, Platão e Aristóteles, a visão trabalho – honra deixada nos textos de Hesíodo, medicina – honra deixada por Hipócrates e a bravura guerreira expressa nos termos de astúcia – prudência.
Talento e vocação na relação trabalho – honra, mas também talento e vocação na relação homem – virtude – grupo – sociedade - equipe.
Tudo isso é passado, mas deixou marcas tão profundas que atravessaram milênios. Acho que sabemos a razão dessa perenidade.

A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE
No caminhar em direção à visão moderna, em especial no Brasil, veio a dissolução e destruição das fundações da sociedade virtuosa. Veio então a debilidade, a falta de segurança e até a impossibilidade de qualquer  ação educativa.
De um momento histórico em que o centro das preocupações da sociedade era a educação, vivemos a nossa realidade do dia a dia,onde educação não é prioridade. Dita ser prioridade, na prática brasileira, educação nunca foi prioridade suficiente de nenhum governo.  Visão do político é a de que educar é perder votos e submissão.
Pior, nesse momento do Processo Mensalão, percebemos que a busca da construção do Homem Virtuoso pela educação nem é entendida como algo necessário e bom para qualquer sociedade.Nem é entendido que na construção do Homem Virtuoso, a educação representa todo o sentido do esforço humano. Deveria ser este o nosso grande legado para as gerações que nos sucedem.
Sociedades focadas na construção do poder, historicamente marginalizaram a educação, pois querem como cidadãos, carneiros obedientes. Esta condição sempre foi importante para os que buscam poder.
Uma das questões terríveis que encontramos aqui é a ideologia como fundamento da educação. É o que está acontecendo com o Brasil nesse momento. Com a ideologia presente, cessam as perguntas, vem somente as afirmações. Temos aqui a educação pela busca da obediência. No passado já foi utilizada a expressão: carne humana como bucha de canhão. É o que interessa aos que querem poder.
Sociedades focadas no sucesso econômico não se consolidam na ausência dos fundamentos da educação como foco estratégico. Sociedades focadas na educação, na gestão do conhecimento, criam os fundamentos estratégicos que lhes permitem aspirar ao sucesso econômico. Como no Brasil prevaleceu a busca do poder, não aprendemos ainda esta lição.
É registro histórico que o sucesso econômico dos países anglo-saxônicos se deveria ao fato de que a questão do lucro era algo bem vindo pelas igrejas reformistas, o que não acontece com as igrejas ligadas ao catolicismo.
Registros mais recentes nos indicam que uma das bases do sucesso econômico esteve no fato que a indução da leitura da Bíblia levou os crentes reformistas ao poder do conhecimento e sua disseminação. Aprender a ler com a Bíblia gerou o sucesso econômico, não somente a visão de que lucro é bom. Educação gerou então sucesso econômico.
SOCIEDADE DE RESULTADOS
Raramente conhecimento por si só gera resultados. Conhecimento estruturado e sistematizado pode gerar resultados. Como paliativo à falta do conhecimento, falta de recursos humanos válidos que possam atender às necessidades das empresas, aceleramos treinamentos de ordem técnica como questão necessária para a busca do sucesso econômico. O que se constata é que treinamentos de ordem técnica não são suficientes para estruturar e sistematizar conhecimento.
A pergunta que fazemos, recordando a expressão “Talòs”, é: Esses técnicos estarão com os deuses? Ou serão apenas arremedos dos homens virtuosos, os quais tanta falta fazem à nossa sociedade. Haverá realmente sucesso econômico? Os homens que comprarão os nossos produtos serão virtuosos ou apenas pequenos zumbis? Como a construção do homem virtuoso se propagará dentro de nossa sociedade?
Em vez de criarmos tecidos sociais convergentes que estruturam sociedades e sucesso econômico, estamos criando colchas de retalhos que não são convergentes e não estruturam sociedades. Voltando ao primeiro parágrafo, concluímos que não estamos construindo as bases para o futuro que queremos.
O que precisamos fazer em termos de educação o povo grego já fez. Não devemos ter vergonha de recriar a roda. Pena que estejamos perdendo tanto tempo. Acho que todos aqueles que lutam pela educação deveriam ler Paidéia. E mudar tudo!

Luiz Bersou

27 de junho de 2012

O RISCO QUE O “BIS” NOS APONTA E O QUE ESTÁ SE ABATENDO SOBRE OS EMPRESÁRIOS - LIBERDADE E ASFIXIA




LIBERDADE E ASFIXIA
Temos no Brasil um desafio sério pela frente, de avaliar o que seja Liberdade. Por outro lado entendemos que qualquer empresário entende muito bem a Asfixia que nossos Governos nos impõem a cada dia que passa. Cada vez mais. Asfixia e Liberdade são entidades opostas, mas de mesma natureza. Liberdade sempre nos conduziu à vida e Asfixia sempre nos conduziu à mediocridade ou mesmo à morte.

Na antiga União Soviética, a pretexto de um planejamento central e defesa dos menos favorecidos, o que nunca deu certo, prevaleceram os interesses do Estado e criou-se a pobreza e o desequilíbrio social e de recursos, por conta dessa relação mal resolvida de Liberdade e Asfixia. Hoje em dia a Rússia é apenas um dos integrantes dos BRICS. Uma sombra do passado.

No caso brasileiro, tivemos a herança positiva do governo Fernando Henrique Cardoso conjugada com o momento feliz da economia mundial que beneficiou Lula. Crescemos muito no governo Lula, mas cometemos um sério erro de julgamento. Não percebemos que foram os outros que nos deram base para crescer. Não crescemos pelos nossos próprios méritos.

Nesse momento em que recebemos sérios alertas sobre o excesso de endividamento do governo brasileiro, na busca insensata de uma solução econômica absolutamente superficial para o nosso país, esquecemos de uma verdade fundamental que faz parte da realidade da vida: somos um país pobre, que vai regredir na classificação dos países, não temos capital e queremos praticar capitalismo sem capital. Não dá. O Estado absorve em demasia as energias da Nação. Sobra pouco para equilibrar a nossa equação econômica.

Trecho de articulista especial do jornal O Estado de São Paulo,em data de 25/06/2012, 1a página do Caderno Economia registra: o informe anual do BIS não deixa dúvida: o país vive uma desaceleração acentuada e precisará agir com urgência para mudar a rota.O BIS é o Banco Central dos Bancos Centrais. Há um bom tempo que sabíamos que essa data chegaria.

O QUE É GOVERNO?
O que enxergamos comoEstado ou Governo, é uma entidade artificial, uma criação humana e não da da natureza.

Essa entidade do ponto de vista operacional, deveria agir em tese, exatamente como uma empresa privada ou um contrato de trabalho ou de locação: o Estado ou Governo é o resultado de um acordo entre partes (no caso, entre os cidadãos da Assembleia Constituinte de 1988, por exemplo).

Essa entidade não funciona por si mesma, não tem vida própria. Para funcionar, ela tem que ser operada por pessoas naturais - essas sim, são criações da natureza.

Operadaquer dizer dirigida pelas pessoas naturais, que deveriam preservar a orientação - a direção para onde preveem que o estado deva ir.

Operada ainda que dizer que tem que ser gerenciadapelas pessoas que deveriam assegurar o adequado gasto de recursos e energia, para produzir os efeitos que manterão o estado na direção prevista.

Operada quer dizer também que cidadãos contratados para esse fim, executam as tarefas de trazer os recursos, introduzir os recursos na entidade e retirar os resultados, entregando-os aos que mandaram criar aquele Estado e seu Governo. Entregar ao povo, ou a elite social ou outro grupo que nomeou o contrato inicial, no caso citado, a mencionada constituinte.

Tudo isso é muito bonito, mas requer um ambiente de moralidade, isto é: os dirigentes (políticos eleitos), os gerentes (funcionários públicos chefes) e operadores (funcionários públicos, hoje muitos terceirizados) fazem o que se espera que deveriam fazer para cumprir o mandato do povo, elite social ou outro grupo.

A ASFIXIA
Temos aqui o grande problema central que gera todas as demais mazelas econômicas e sociais: os dirigentes, gerentes e operadores que governam a máquina do Estado, passaram a usar a máquina, não mais para os fins especificados pelos donos da nação, que são, conforme o tipo de estado: o povo (no caso de uma república), as elites sociais (no caso da monarquia ou oligarquia) ou outros grupos privados (fascismo, nazismo do passado de triste memória), mas para satisfazer seus interesses pessoais particulares.

E aí nasce a corrupção. Aí vem a questão da asfixia. Na busca dos seus interesses, todos de curto prazo, repetimos, todos de curto prazo, que nada tem a haver com a missão de construir uma nação, os que estão no poder aplicam e impõem ao povo e às empresas, cada vez mais regras, normas, taxas e impostos.

Querem cada vez mais dos que trabalham de verdade. Asfixia progressiva, tal como o torquês, forma medieval pela qual se matava progressivamente condenados no passado. Apertar, asfixiar e quebrar o pescoço. É esse processo que estamos sofrendo. As empresas que já morreram são testemunhas do que está ocorrendo.

A RESPOSTA DA NAÇÃO – O AMBIENTE DE MORALIDADE
A resposta natural de uma nação, o tal "ambiente de moralidade" tem se desgastado e vem perdendo a nitidez. Isso em todo o mundo. Porque está acontecendo?

Basicamente devido ao que chamamos de "comportamento civilizado e tolerante", que afrouxou as instituições naturais da base da civilização: a formação do caráter individual das pessoas, a família, a sanção social (que é feita com palavras politicamenteincorretas, saibam disso!), o apreço pela ética e pela estética, o brio profissional, o mérito e outros valores e princípios cuja existência e vigor revela o grau de civilização de um povo. Hoje em dia o bandido vence o mocinho. No Brasil é uma festa.

O CASO BRASILEIRO
Um estado e um governo do tamanho que temos, é incontrolável e só pode dar no que vemos aí. Criou-se uma maquina que sustentamos com o nosso trabalho e cujo único objetivo é tirar cada vez mais de cada um de nós. Objetivos de curto prazo.

Recentemente vimos um artigo que nos alerta de que atualmente qualquer empresa que fature mais de 60 milhões de reais por ano terá que passar pelo Novo Super CADE em qualquer projeto de compra, associação para que se assegure os diretos dos trabalhadores contra os interesses espoliadores dos empresários. Quem está espoliando quem? Até onde vai chegar a sanha intervencionista do governo? Uma nova União Soviética dos Estados Brasileiros? Tudo a serviço de um projeto de poder de um partido político?

A nossa salvação dessa sanha avassaladora passa por tirar do Governomuitas das funções que ele se autorgou dentro do seu projeto de poder, assumiu e pelo despreparo dos políticos de partido, não sabe o que fazer e como fazer: regular a indústria (o mercado deve regular, e não as ANVISA, ANATEL, ANEEL etc.), os produtos dela (ABNT, ANVISA...), as profissões (que devem ser reguladas pelas competências dos profissionais e não pelos Conselhos CRM, CREA, CRO, etc.), o ensino e a pesquisa (a serem conduzidos de acordo com as necessidades sociais, cívicas e da economia produtiva, e não em teoria, pela burocracia do MEC, CAPES etc.), os seguros saúde e assistência médica (que devem ser serviços a serem prestados pelas seguradoras e empresas privadas de medicina e hospitais privados), e assim por diante.

Vamos para um raciocínio primário e ingênuo sobre razoabilidade desse raciocínio.Se hoje recebemos "do Governo" (na verdade tudo é terceirizado para empresa privadas) algo parecido com esses "serviços", pagando impostos, é provável que, se pagarmos diretamente aos profissionais e comprarmos todos aqueles serviços diretamente das empresa privadas - terceiristas e empreiteiras - que os executam hoje através do governo, é certo que sairão mais em conta, porque, pelo menos não temos a burocracia do estado entre nós e os profissionais e empresas que nos fornecem os serviços.

VOLTAR PARA PODERMOS IR PARA A FRENTE
O caminho para resolver o problema da corrupção é retornar e refazer o caminho percorrido e reduzir o tamanho do governo a dimensões tais que ele possa ser realmente mantido, pelo povo (e não pela polícia, exército, por CPI´s, por STF´s - porque isso não funciona) dentro dos objetivos para os quais Estado e o Governo foram previstos. 

Filosoficamente simples, não?

Luiz Bersou com colaboração de Caio Márcio Rodrigues

19 de junho de 2012

BRASIL – LIBERDADE – RISCO MORAL



LIBERDADE
Em nosso último texto apresentamos um tema pouco debatido. O que é Liberdade, um conceito filosófico e o que é Democracia, aqui definida como a expressão da prática da Liberdade - de forma correta ou não. Vemos então a construção de nações ou a construção do desequilíbrio e caos, quando Democracia não está a serviço dos fundamentos filosóficos de Liberdade. Podemos ver exemplos dessa situação por todos os lados. Por que se fala tanto de certos países? Por que não se fala da Áustria, Noruega, Suécia, Dinamarca e outras? Filosofia da Liberdade e Democracia a serviço da Filosofia da Liberdade é coisa séria.

RISCO MORAL
Na sua origem, essa expressão era técnica. No mercado de seguros, temos situações em que o segurado adota práticas de risco, pois considera que as companhias de seguro devem segurar o bem e também o seu uso em situações de risco. Não estava no contrato. Virou um grande problema.

Vamos para outras versões da expressão risco moral. Quando um candidato a cargo público promete e não cumpre, o que temos é que a Sociedade, os que vão votar nele, os que votaram nele, estão aceitando um risco.

Muitos sabem que o político não vai se empenhar a fundo pela promessa, pois ele não vai colocar a sua carreira política em risco por desagradar os seus colegas de governo. Margaret Thatcher cumpriu o que disse que faria. Foi chamada de Dama de Ferro. Sofreu muito por que não representou um Risco Moral para os seus eleitores e cidadãos ingleses. Fez o que tinha que ser feito naquele momento. A Inglaterra se permitiu um salto muito importante.

Ron Paul em seu livro Liberty Defined vai mais a fundo e coloca a questão na relação governo e sociedade. O que é governo? O que é governar? Quais os limites? O que está acontecendo conosco na relação com os que elegemos para os cargos públicos para executar planos de governo? Entra aqui a questão: O que o cidadão comum pode e portanto o Estado pode também, e o que o cidadão comum não pode, e portanto, o Estado também não pode?

Neste momento, governos são o maior Risco Moral que podemos ter. Em particular no Brasil. Os interesses corporativos estarão sempre mais próximos da cobrança de quem os elegeu e de quem os financiou. Pensamos que elegemos os nossos representantes nas câmaras e congressos. Brutal ilusão. Nós os elegemos, mas eles não são nossos representantes. Não representam a sociedade, representam eles mesmos e seus planos ocultos.

O GRANDE DANO DO RISCO MORAL – uma tragédia social
A questão do risco moral representa, entretanto, algo muito mais grave. A prática do Risco Moral nada mais é do que cortar ou abandonar caminhos corretos e simplificar soluções que não podem ser simplificadas, nos interesses menores que infelizmente estão sempre por aí.

A grande resultante desse fenômeno é a incompetência, em todos os níveis da sociedade humana onde ele é permitido. A essa incompetência se junta a ética e a moral.

Incompetência que pode chegar à escala nacional como nos conta Jared Diamond em seus livros Armar, Germes e Aço e particularmente Colapso. Conta-nos como sociedades entram em colapso, segundo a história da humanidade. Repetindo, o que está acontecendo agora na Europa?

A não prática dos rituais corretos, sejam políticos ou administrativos, quebra um ritual de séculos. A passagem do conhecimento na história da humanidade se fez sempre pelo Não Errar. Os resultados desse caminhar construíram os templos do conhecimento e a capacidade de agir de forma competitiva. Por que o Japão consegue fabricar automóveis com 40% de energia a menos do que os concorrentes europeus e americanos? O Japão sempre conviveu com muito pouca energia. Aprendeu a não errar nesse quesito. Por que os ingleses venceram a Argentina de forma tão fácil nas Malvinas? Os ingleses construíram o Império Britânico pelos caminhos do mar. Longa história de não errar.

Quando o Não Errar sai do cenário, o que entra no seu lugar? O Risco Moral entra em toda a sua plenitude. Nesse contexto, os fundamentos filosóficos de Liberdade vão para o ralo da nação. Falta o respeito a tudo e a todos.

No nosso Brasil, seja no poder público, seja nas empresas, cortar caminhos e simplificar soluções que não podem ser simplificadas é solução do dia a dia. Decorre que os que estão no poder, em particular em cargos de gestão pública, não conseguem fazer nada correto. Tudo é acordo e conveniência. Rabos presos em todo lugar. Nesse jogo, o Brasil continua com seu desenvolvimento sempre precário, sempre a menor do que precisa ser.

Luiz Bersou com colaboração do Sr Caio Márcio Rodrigues.

13 de junho de 2012

SABEMOS O QUE É LIBERDADE?


Questão que complementa o nosso raciocínio: qual a relação entre Liberdade e Democracia?

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Conceitos básicos

Liberdade e ausência de liberdade.
Liberdade e ausência de opressão expressa pela palavra “Direitos”.
Liberdade e acesso ao conhecimento.
Liberdade de expressão, liberdade de convivência, de diálogo e contestação.

A ideia mais simples: liberdade é a condição pela qual cada um faz de forma madura, sem tutelas, o necessário para conduzir a sua vida, desde que não cause nenhum prejuízo aos outros com os quais ele convive, próxima ou mesmo remotamente.

Liberdade e democracia não são a mesma coisa.

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Liberdade
Voltando na história da humanidade, verificamos momentos em que nações e povos foram feitos escravos. Perderam a terra dos antepassados. Destruíram seus templos. Queimaram suas bibliotecas. Ficaram sem referências. Uma vez eu estava na Rússia e fiquei sabendo de um nobre que teve 360.000 servos. Nos Estados Unidos e provavelmente aqui, tivemos grupos de escravos que tinham o papel de se reproduzir para gerar mais escravos. Liberdade teve então um significado muito próprio. Liberdade e ausência de liberdade.

Ainda percorrendo a história da humanidade, verificamos como a questão de Liberdade passava por uma relação entre sociedade e poder estabelecido. O poder de então tinha uma liberdade que era negada à sociedade. Um tinha direitos e o outro não tinha direitos. Obediência às igrejas e aos poderosos. Liberdade teve então outro significado muito próprio. Liberdade e ausência de opressão expressa pela expressão “Direitos”.

Houveram outros momentos em que o poder se exercitava pela negação do conhecimento às sociedades. Fecharam-se escolas para que os habitantes não aprendessem a ler, não tivessem a oportunidade de ler a Bíblia e assim seguissem obedientes pelas regras das igrejas que os dominavam. Liberdade teve então outro significado muito próprio. Liberdade e acesso ao conhecimento.

Em outros momentos históricos, tivemos a questão de convivência em sociedade. O próximo não é um inimigo. Não precisamos atacar, matar ou fugir. A questão de se ter idéias e as poder discutir, sempre foi um problema em muitas sociedades. Que digam os alemães e italianos na época do EIXO. Liberdade tem então outro significado. Liberdade de expressão e mais do que isso, liberdade de convivência, de diálogo e contestação.

Os Fundadores
Os fundadores dos Estados Unidos da América tinham uma profunda noção dos conceitos de liberdade. O mundo todo era flagelado pela não liberdade em todas as suas expressões.

Com base nesses entendimentos, fundaram um Estado que era sobre tudo um conjunto de idéias. O americano era então alguém que acreditava e praticava essas idéias.Idéias de respeito mútuo,livre e espontâneo. Cidadania. A ideia mais simples era a que liberdade era a condição pela qual cada um faria de forma madura o necessário para conduzir a sua vida, desde que não causasse nenhum prejuízos aos outros com os quais ele convivia, próxima ou mesmo remotamente.

Estátua da Liberdade
Na entrada do Porto de Nova York, encontramos a Estátua da Liberdade. Ela era um símbolo de esperança para milhões de imigrantes, que buscavam algo melhor na vida de cada um. Muitas vezes esse algo melhor era apenas poder comer. Outras tantas vezes, o algo melhor era ter trabalho. Não precisar se esconder de inimigos.

A Estátua da Liberdade representava então todo um universo de esperanças e futuro luminoso. Mas nesse cadinho de emoções, os registros indicam que ser respeitado, ter direitos e respeito mútuos, a liberdade de escolha, eram de longe a maior atração e esperança que emanava da Estátua da Liberdade.

Liberdade & Democracia
Fundamentalmente, a Democracia nasceunos momentos históricos da Grécia antiga, para administrar a Liberdade no convívio das sociedades. Liberdade e democracia não são a mesma coisa. Democracia não é Liberdade. Uma, Liberdade, tem um conteúdo filosófico. A outra, Democracia, tem um conteúdo de controle. Regras de convivência.

Na medida em que as regras de convivência estão a serviço da aplicação pura dos conceitos de Liberdade, temos sociedades estáveis. Infelizmente, na maior parte dos países, verificamos hoje em dia, que a pregação democrática está muito mais a serviço da perpetuação dos que estão no poder. E nada mais do que isso.

Não Liberdade e os estados da atualidade
Percorrendo a maioria dos países, ditos democráticos e com diferenças formas de governo, percebemos que o binômio Liberdade & Democracia sofreu graves deformações.

Se voltamos ao conceito de que Democracia é uma forma de administração da Liberdade, percebemos que manejos dessa forma de administração leva com frequência à não liberdade, que é o que mais tem acontecido. Esse fenômeno tem levado a procedimentos que mergulham o estado nas amarras da corrupção sistêmica e eleição preferencial para aqueles que fazem parte dos sistemas de poder. No fundo, quem está elegendo quem? Por que a corrupção circula tão facilmente em todos os escalões de governo?

Quando discutimos corrupção na nossa sociedade, nas empresas e governos, percebemos toda uma  rede de relacionamentos que consideram corrupção como forma natural de vida. Essa gente se conhece, se entende e formam um mundo à parte. Eles ganham poder e riqueza e nós perdemos.

O que se passa no Brasil?
Vivemos um momento de falsa liberdade. O poder está nas mãos de um ciclo vicioso que se auto perpetua segundo os interesses escusos que dominam de forma ampla e irrestrita o cenário político brasileiro em todos os seus níveis. Não passamos de uma manada de gado à serviço dos que se locupletam como colarinho branco.

Para lutar com essa situação queremos voltar no tempo e ir em busca da simplicidade. O que é liberdade? É o estado decidindo por nós? São os sindicatos decidindo por nós? É o ensino deformado por ideologias políticas que é ministrado a nossos filhos? São as regras malucas que o estado emite a cada dia e quer nossa obediência para elas? Até onde vai isso tudo?

Para recuperar os fundamentos de liberdade que sempre foram essenciais ao desenvolvimento humano, estamos criando um fórum de debates. Esse fórum debates começa com a discussão dos conceitos do que é Liberdade.

Um Estado de Direitos
Uma das características da sociedade brasileira é que discutimos o tempo todo a questão dos direitos individuais de cada um. Em tese é um atributo bom e correto. Acontece entretanto que estão criando uma avalanche de direitos sem que se olhe se a questão do direito passa corretamente pelo atributo da filosofia da Liberdade. Com tantos direitos, criminosos não são punidos, políticos transgressores não são punidos, estamos criando novas classes sociais, o estado passa a ter todos os direitos e como aconteceu no passado, o estado tem direitos e o cidadão não tem. Quem já não sentiu na pele essa situação? Qualquer empresário sabe o que é enfrentar o Estado.

Pergunta extremamente importante colocada pelo senador  americano Ron Paul passa pela seguinte questão: o que é o estado ideal? Aquele em que o estado só pode o que o cidadão comum pode? Aquele em que o que o cidadão comum não pode, o estado também não pode? Afinal, o que queremos?

Projeto Nação
Queremos no Fórum citado acima colocar o debate do que é um Teoria de Estado e o debate do que pode ser uma Teoria de Mercado. Queremos trabalhar projeto de como construir relações em que a Teoria de Estado interfira o mínimo possível na Teoria de Mercado e o Mercado interfira o mínimo possível na Teoria de Estado. Ron Paul e Roberto Campo já trabalharam essas idéias.

É possível esse equilíbrio? Muitos estadistas já partem do princípio de que não há outra saída, outra alternativa. As crises da Europa e Estados Unidos estão mostrando claramente esse desequilíbrio entre Teoria de Estado e Teoria de Mercados. Precisamos então estudar a fundo essa questão. Vocês estão convidados para esse desafio. Estaremos constantemente em contato.

Luiz Bersou