13 de julho de 2010

Gestão de custos na Saúde? – Qual Saúde?

Prezados,

Estamos desenvolvendo no Centro do Conhecimento do Conselho de Administração de São Paulo um trabalho extremamente instigante. O Brasil gasta por ano cerca de 140 bilhões de dólares em Saúde. Cerca de 70% deste custo está ligado às doenças crônicas e degenerativas. Os custos com esta classe de doenças crescem mais do que o PIB em praticamente todos os países do mundo. Trata-se de uma maré vermelha que vem vindo, vem vindo e algo terá que ser feito.

Segundo as estatísticas da OMS e do IBGE, a população brasileira afetada por diabetes, hipertensão, câncer, sobre peso mórbido e várias outras doenças crônicas e degenerativas representa cerca de 38 milhões de cidadãos. A conta anual é de cerca de 90 bilhões de dólares.

Uma das conseqüências extremamente negativas está na qualidade de vida. Tratamentos caros, baixa produtividade no trabalho que afeta a vida econômica de qualquer cidadão. Morte durante a vida econômica do cidadão mais ainda. Estes fatos geram um ciclo vicioso que agrava as principais estatísticas.

Esta questão da qualidade de vida passa também pelo custo extremamente elevado das Unidades de Terapia Intensiva, onde infelizmente tantos acabam. Morte cruel e cara desestabilizando as economias de tantas famílias. Como as estatísticas dizem que 10 milhões de cidadãos vão morrer de forma precoce dessas doenças nos próximos 10 anos, verifica-se que as contas não fecham. Vai faltar dinheiro!

O foco dos profissionais da saúde tem sido sempre a questão dos tratamentos para prolongar a vida com qualidade e dignidade. Tradição que vem de Hipócrates e é ponto de honra de todos os sistemas médicos. Trabalhar a cura, estudar a cura de todos os males.

Por outro lado, há uma pergunta muito simples que já foi respondida: o que é mais eficaz, tratar doenças ou impedir que elas aconteçam?

No caso das doenças crônicas e degenerativas, sabemos que as “causas raiz” estão na questão da genética que pode predispor à doença, mas o representativo em termos de “causa raiz”, passa pela alimentação incorreta e mal qualificada, maus hábitos alimentares, fumo, bebida, drogas, depressão e falta de condicionamento físico.

Por outro lado, temos hoje uma estimativa pela qual se pode alcançar redução de 2,5 bilhões de dólares para cada 2% de queda nas doenças crônicas e degenerativas. Esta relação merece todo o nosso respeito e atenção. Para fazer isso, precisamos acrescentar e enfatizar no rol dos recursos médicos, novos conhecimentos e em particular a Nutrologia que nos ajuda a entender melhor os alimentos do ponto de vista alimentação do corpo e da prevenção dessas doenças.

O conhecimento para prevenir doenças a partir da alimentação já é muito significativo. Na verdade ele existe há milhões de anos. Em tese seria muito fácil enfrentar este desafio. Não é fácil, é muito difícil. Há um problema muito sério de comunicação e cultura de nossa sociedade.

Como solução para vencer este desafio, estamos trabalhando pelo “Centro do Conhecimento” no desenvolvimento de um plano de trabalho em que a sua 1ª (primeira fase) busca formar uma base de quatro pés. Comunicação com a sociedade (1), busca de fornecedores de alimentos com qualidade dentro dos padrões da Nutrologia (2), preparação correta dos alimentos e sua ingestão (3) e monitoramento estatístico (4). Outras fases tratam da redução de custos nos tratamentos médicos.

A estratégia na comunicação está em buscar contatos com redes de relacionamento em que lideranças interessadas na saúde estejam presentes e com o projeto. Escolas, em particular aquelas de educação infantil, entidades de ensino de todos os tipos, empresas, governos, forças armadas são entidades em que a comunicação pode produzir efeitos que se multipliquem.

Está sendo surpreendente o interesse de fornecedores de alimento industrializados. Regras claras, regras que valem para todos, rigorosos padrões de qualidade dentro daquilo que é exigido pela Nutrologia interessam às empresas e aos bons empresários, aqueles que sabem da contribuição de cidadão que a sociedade nos pede.

A preparação correta dos alimentos, orientação, dosagem e sua ingestão afetam muito a nossa cultura que leva às doenças em questão. Tema importante que fará parte do processo de comunicação.

O monitoramento estatístico é fundamental. Vivemos uma sociedade em que a exaltação das complexidades gera a satisfação intelectual de muitos. Temos um elevado número de ações pontuais e episódicas, sem que se atinja o núcleo das soluções simples. A nossa proposta que passa pelo Centro do Conhecimento é focar no que diminui o aparecimento dessas doenças. Conter a maré vermelhar. Solução trabalhosa, mas tecnicamente muito mais simples. O monitoramento estatístico passa a ser fundamental por que nesse mundo de políticas e políticas, números tem mais significado. Precisam ser respeitados e base para ações eficazes. Números são números. Saberemos do que estamos falando, dos resultados e do que falta alcançar.

Nesse momento estamos dando formato ao projeto. Como já dito, é grande o número de produtores de alimentos industrializados que se preocupam com a questão. Muita coisa é possível. Muito progresso pode acontecer. Se você tem interesse nesse campo de negócios, entre em contato. O projeto é muito desafiador, é muito importante e requer a participação de todos, empresários e governos. Políticas de incentivo fiscal serão necessárias. Muito trabalho.


Luiz Bersou