31 de maio de 2011

PRODUÇÃO DE RESULTADOS COM GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tema da moda, tem suscitado muitos debates, cursos e busca de especializações. A participação nos eventos coloca em evidência o valor da proposta. Há ainda,entretanto, um longo caminho a ser percorrido. Um dos problemas, o aumento de burocracia e custos está chegando primeiro.

A estatística mostra que as empresas do “Novo Mercado”, que apresentam certificados de boa governança, conseguem melhores preços nos pregões da Bolsa de Valores. Trata-se portanto de um resultado concreto que é a melhor valorização do preços das ações. Verifica-se que o ágio é, pelo menos em parte, decorrente do “fator moda”, presente nos temas da “Governança Corporativa”. Vem então a pergunta: em que medida a prática da Governança Corporativa está gerando efetivamente mais resultados?Como ficam em termos de benefícios as empresas que não estão na Bolsa e só podem contar com o efetivo resultado de suas operações?

As propostas de “Governança Corporativa”vieram com foco na proteção dos investidores. O tema nasceu assim. Por outro lado, a melhor proteção do investidor continua sendo, como sempre foi, a capacidade de produzir bons resultados.

O tema da produção de melhores resultados valeu para todas as grandes ferramentas de gestão e sistemas de TI do passado, que sempre se apresentaram como grandes promessas. Grandes promessas e resultados pobres. Muitas vezes, extremamente pobres. Seria a Governança Corporativa mais uma dessas promessas?

GOVERNANÇA E PROPOSTAS

Quem lê o livro “Nação Empreendedora”, de Saul Singer e Dan Senor, Editora Évora, entende as razões do sucesso de Israel como nação produtiva e empreendedora. A capacidade de convergir diferentes disciplinas para um mesmo foco muito bem definido é razão de sucesso. Uma das grandes dificuldades da cultura brasileira.

Entendo bem o sucesso de Israel pois me dediquei muito ao “Centro do Conhecimento”, presente no Conselho Regional de Administração de São Paulo, o qual, como centro de convergência de múltiplas profissões, produziu resultados muito bonitos. Muita semelhança de propostas e resultados.

Exatamente em cima desse ponto está um dos pontos fortes da “Governança Corporativa”. Proposta da visão abrangente para todos os temas que, convergindo em raciocínios, propostas e ações, contribuem para os melhores resultados das empresas.

A proposta da construção do clima interno favorável para acomodar a convergência das múltiplas disciplinas, que hoje são necessárias para lidarmos com as entidades complexas com dinâmicas de alta velocidade, os novos interlocutores do nosso dia a dia nos cenários e mercados, é também muito importante.

Pontos a favor da “Governança Corporativa”.

ENTIDADES COMPLEXAS

Uma frase famosa atribuída a Henry Ford, tem o seguinte conteúdo: fabrico carros de qualquer cor, desde que seja a cor preta. Ele estava no mundo das coisas simples. Hoje qualquer montadora de automóveis lida com centenas de opções que são oferecidas ao mercado. Do simples, para o complexo. Na padaria só tinha um tipo de pão. Hoje, padarias são entidades complexas, oferecendo centenas de alternativas de produtos. O alfaiate tinha alguns tipos de tecidos e a partir daquele estoque fazia o seu comércio. Hoje existem empresas que lançam novas coleções de vestuário a cada três meses. Do simples para o extremamente complexo, com o agravante do fator moda. O mercado vai aceitar ou não? No passado, visão de lucro no produto. Hoje, visão de lucro no cliente. Muito mais complexo. No passado, visão de EBITDA da empresa, hoje, visão de Fluidez Financeira da equação econômica de cada um dos negócios e jogos da empresa. Sempre do simples para o complexo.

O que percebemos de forma muito clara é que na gestão de nossas empresas, nos modelos de análise instalados, tratamos ainda as entidades com as quais lidamos e com as quais produzimos lucros ou prejuízos como se continuassem sendo entidades simples. Não dá mais para continuar nessa linha de pensamento.

Ponto a melhorar nas propostas de “Governança Corporativa”.

OS ATIVOS EXTERNOS E OS ATIVOS INTERNOS

Durante muitos anos estudamos centenas de empresas que tiveram graves problemas de desempenho econômico. Geramos gráficos extremamente esclarecedores a respeito. O que ficou em grande evidência foi a necessidade do chamado “Equilíbrio” entre a “Condução Estratégica e a Condução Operacional”.

O ponto forte desse fundamento é que nos “Ativos Externos”, cenários, mercados, clientes, concorrentes, produtos e tecnologia, estão os fatores de criação de vida e do futuro da empresa. É onde está o comercio de relacionamentos e a construção do fundamento tão importante que é a construção da “Venda Fácil”.

Nos “Ativos Internos”, produção, equipes, capital, qualidade, está a sustentação da vida da empresa. Temos aqui o fundamento das estratégias de curto prazo que é o “Plantar & Colher”. Poucos entendem essa relação biunívoca tão fundamental.

Ponto a melhorar nas propostas de Governança Corporativa.

VELOCIDADE DO DESCONHECIDO, GOVERNANÇA E RESPOSTA

A presença cada vez maior de entidades complexas na convivência com as empresas e seus concorrentes e a velocidade com que os fenômenos acontecem, pede novos modelos de administração.

De um lado temos a necessidade de uma visão mais abrangente compartilhada por todos os que lutam pela empresa. Somente assim os esforços são realmente convergentes. Do outro lado precisamos simplificar e muito os processos e saber construir e trabalhar com informações de alto conteúdo. A gestão pelos “Grandes Números” faz cada vez mais falta. Ferramentas e respostas já existem.

Ponto a melhorar nas propostas de “Governança Corporativa”.

GESTÃO DO FUTURO, GESTÃO DO PRESENTE E GESTÃO DO PASSADO

“Gestão do Futuro” é uma expressão relativamente nova, que temos adotado nos últimos cinco anos. Será uma revolução. Muitos de nossos executivos viveram a preocupação de olhar para o passado como forma de gestão. Nos dias atuais, os processos de gestão ainda funcionam em bases mensais, dinâmicas lentas para necessidades modernas de velocidade, em particular naquilo que depende da sincronia entre os planejamentos que sustentam o operacional e os correspondentes recursos envolvidos. Esse “status quo” não serve mais.

Hoje já existem ferramentas, evoluções modernas dos antigos BIs, que nos permitem trabalhar a todo instante no futuro. Modelos de análisesimples e evoluídos, compatíveis com os “Ativos Externos”, entidades complexas, visões de cenários e mercados que permitem planejamentos contínuos e sua sincronia.

Estamos já vivendo a construção da riqueza no presente, a partir da intimidade da nossa convivência com o futuro. Esse tema será o grande diferenciador nos modelos de “Governança Corporativa” que já estamos implantando.

Anotem, construção da riqueza no presente a partir da nossa intimidade com o futuro vai ser o grande agente diferenciador das governanças do futuro.

Luiz Bersou

17 de maio de 2011

GOVERNANÇA ADEQUADA AO SETOR SAÚDE?

GRUPO DE ESTUDOS, formado por equipe voluntária de 27 profissionais de alto nível,com diversos graus de excelência em formação e com grande experiência em Estratégia e Planejamento, Medicina, Nutrologia, Filosofia, Sociologia, Psicanálise, Comunicação, Administração e Gestão do Capital, Engenharia, Engenharia Biomédica, Administração de Seguros, Gestão Hospitalar, Gestão de Fármacos, Sistemas de Informação, Tecnologia e Tecnologia Biomédica, Modelos Matemáticos, Alimentação, Condicionamento Físico, Normas Anvisa, Laboratórios e Legislação realizou durante o ano de 2010 dezenas e dezenas de reuniões com o objetivo de estabelecer, através de conhecimento convergente, trabalho convergente, análise consistente e independente do Setor Saúde para propor, “no devido tempo”, propostas de solução estabelecidas a partir de uma modelos de análise e pensamento estratégico poderosos.

A conclusão do trabalho está sintetizada na “Tabela de Síntese de Soluções Estratégicas para o Setor Saúde”, onde 16 temas relacionados ao setor estão dispostos em 5 campos de trabalho. A tabela tem muitos méritos:
1) Permite Proposta Estratégica para o Setor. Permite “Modelos de Governança”.
2) Representa o êxito de metodologia de “Modelos de Análise” para interpretação do que se passa no setor do ponto de vista Estratégico.
3) Representa a tradução do Setor Saúde em uma equação que sincroniza objetivos, planejamentos e recursos. Uso de recursos em sincronia é absolutamente importante na situação de recursos escassos e setores descapitalizados.
4) Mostra que o Setor Saúde, dada a carga de complexidade, conflito de interesses que geram desperdícios de tempo e recursos, vai requerer sempre ações coordenadas e conjugadas para que os efeitos se produzam e inercias sejam vencidas.
5) Mostra que o Setor Saúde, mais do que qualquer outro, requer o conceito do equilíbrio da “Condução Estratégica” com a “Condução Operacional”. Na ausência desse conceito, multiplicam-se as propostas de soluções operacionais, cada uma propondo resolver o mundo à sua maneira. A falta da“Condução Estratégica” ocasiona que os efeitos das soluções operacionais não se somem, multipliquem e gerem os resultados desejados. Frustação.
6) Mostra os caminhos que devem ser seguidos para que se busque o equilíbrio da qualidade de saúde, dos custos e da capacidade de investimentos para o setor. Proposta de 10 anos de caminhada.
7) Mostra a grande demanda de competências em ação política, estratégica e gestão de capital, sabendo sempre o que é necessário fazer e como fazer.

COMENTÁRIOS
1) Os atores do Setor Saúde, concentrados na sustentação do dia a dia de suas atividades, olhando pouco para o que acontece nos cenários sociais tem caído em diversas armadilhas.
Foram poucos os que analisaram e se prepararam para as “Causas Raiz” ligadas ao tsunami das doenças crônicas e degenerativas. Poucos perceberam que o alongamento do perfil de vida do cidadão, tão celebrado na nossa sociedade, é na verdade a sustentação do alongamento do perfil de vida do cidadão doente. Muito caro. Armadilha das UTIs.

Os investimentos em medicina preventiva tem pouco retorno. Investimentos brutais em medicina curativa. Do ponto de vista do status social, valor de ações de empresas, curar que é
muito mais caro, gera muito mais dividendos do que prevenir a doença, muito mais barato. Ciclo vicioso.

2) As sociedades ligadas ao negócios de seguros, que existem há séculos, sempre ganharam dinheiro na “
gestão do risco”. Muito dinheiro. O modelo “gestão do risco” se esgotou. Agora elas tentam ganhar dinheiro na “gestão do custeio”. Não é da cultura delas. Não sabem fazer. Perdem dinheiro. Muitas morreram. Uma grande armadilha. Uma armadilha agravada pelas relações extremamente complicadas entre os médicos, hospitais, clinicas e as seguradoras. O centro da armadilha está na quebra da confiança nas relações entre os atores. A relação “entre parceiros” virou relação “entre inimigos”. A falta de confiança gera custos a maior, auditorias incompetentes e inócuas que não resolvem nada.

3) A análise da “Tabela” mostra que a maior falta é a presença de estadista com proposta estratégica consistente e competente, com poder para vencer os interesses microscópicos que como vírus e bactérias contaminam o setor. Proposta estratégica para ligar as forças positivas do setor. O poder deverá vir daí. Proposta Estratégica que está sintetizada na “Tabela” mencionada acima.

4) Nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, foram conseguidos grandes resultados no combate à inflação. Para os observadores atentos, os movimentos técnicos fizerem efeito, mas o maior resultado veio do fato de que a sociedade não queria mais conviver com a inflação. O posicionamento da sociedade foi determinante na ocasião.

Estamos vivendo um momento em que se percebe que um número enorme de crimes é filmado e esse material é apresentado às autoridades policiais. O disque denúncia funciona como o Tolerância Zero” de Nova Iorque do passado – funcionou e está funcionando. Esta ação está vindo da sociedade. Não está vindo do poder público. A sociedade está mostrando que está se comunicando muito mais, diz o que quer e age, deixando o lado passivo característico da sociedade brasileira.

Recentemente no caso de uma estação de “Metro” de São Paulo, houve toda uma movimentação social para protestar contra acordos inadequados de localização da estação.

Esta vitalidade social de protesto, este acordar da sociedade, ainda não se manifesta no Setor Saúde, mas todos os sintomas indicam que a sociedade quer soluções. Competentes. A movimentação social vai marchar para cima da condução política medíocre. Sociedade que acorda e passa a agir. Recado ao setor: é bom agir antes. Acho que falta muito pouco para termos movimentos e marchas de protestos com as consequências tradicionais.

QUAIS PASSOS A DAR?
A “Tabela de Síntese de Soluções Estratégicas para o Setor Saúde” estabelece a sincronia de dezesseis temas entre cinco campos de trabalho, englobando condução política, condução de governo, políticas de prevenção às doenças crônicas e degenerativas, rastreabilidade e modelos estatísticos, recuperação e melhor aproveitamento de patrimônio em tecnologia, modelos de gestão para o setor, sugestão de novo posicionamento estratégico para a ANVISA e aquilo que é do setor privado. Contempla também a visão dos setores industriais e de serviços que fornecem ao Setor Saúde e dele dependem.

A base de tudo é sempre uma equação econômica, condição “
sine qua non” para capitalização e investimentos em modernização, qualidade e crescimento no atendimento. Alvo principal será sempre mais saúde com menos custos. Racionalização e administração dos desperdícios.

A CURTO PRAZO, o fundamental é o domínio da equação econômica para produzir o resultado desejado. A metodologia passa pela “Rastreabilidade dos Cinco Degraus”, cinco etapas de trabalho entre o que é o diagnóstico do paciente e o resultado econômico final do setor, em particular bom para o setor privado. Cada degrau gera resultados assim que implantado. A implantação de todos os degraus gera resultados muito melhores.

Essa ferramenta foi concebida para trabalhar com modelos matemáticos de alto nível, em módulos especializados, independentes, interconectados e sincronizados, com ferramentas de rastreabilidade, os temas de qualidade dos cadastros dos eventos estatísticos, as relações em cascata de pacientes, médicos e entidades médicas, os desempenhos nos tipos de cura, os custos associados aos desempenhos nos tipos de cura, a gestão do capital necessário para manter o ritmo das atividades e o equilíbrio orçamentário e de resultados das atividades.

A ferramenta “Rastreabilidade dos Cinco Degraus” está apoiada em fundamento extremamente importante para o modelo de capital que prevalece no Brasil. Protege os empresários da síndrome do sofrimento e da morte pelo crescimento acelerado não bem administrado. Aqui está um dos grandes benefícios de “Governança”.

Quantos de dão conta do número extremamente elevado de empresas brasileiras que se propuseram a crescer rapidamente e morreram em seguida? Acreditaram no EBITDA, no resultado contábil. Morreram por sistemas de gestão incorretos, que não consideraram a restrição de capital que existe no Brasil. Morreram por que quiserem crescer para lucrar mais, quando aqui é preciso antes, lucrar para crescer, capitalizar e depois partir para crescer. Erros nesse tema nunca são perdoados.

Cidadãos, sociedade, como vamos reagir a esse mar de dor que está por aí? Vamos continuar aceitando os descalabros como tem acontecido até hoje?


Luiz Bersou