LIBERDADE
Em nosso último texto apresentamos um tema pouco debatido. O
que é Liberdade, um conceito filosófico e o que é Democracia,
aqui definida como a expressão da prática da Liberdade - de forma correta ou
não. Vemos então a construção de nações ou a construção do desequilíbrio
e caos, quando Democracia não está a serviço dos fundamentos
filosóficos de Liberdade. Podemos ver exemplos dessa situação por todos
os lados. Por que se fala tanto de certos países? Por que não se fala da
Áustria, Noruega, Suécia, Dinamarca e outras? Filosofia da Liberdade e
Democracia a serviço da Filosofia da Liberdade é coisa séria.
RISCO MORAL
Na sua origem, essa expressão era técnica. No mercado de
seguros, temos situações em que o segurado adota práticas de risco, pois
considera que as companhias de seguro devem segurar o bem e também o seu uso em
situações de risco. Não estava no contrato. Virou um grande problema.
Vamos para outras versões da expressão risco moral. Quando
um candidato a cargo público promete e não cumpre, o que temos é que a
Sociedade, os que vão votar nele, os que votaram nele, estão aceitando um
risco.
Muitos sabem que o político não vai se empenhar a fundo pela
promessa, pois ele não vai colocar a sua carreira política em risco por
desagradar os seus colegas de governo. Margaret Thatcher cumpriu
o que disse que faria. Foi chamada de Dama de Ferro. Sofreu
muito por que não representou um Risco Moral para os seus eleitores e
cidadãos ingleses. Fez o que tinha que ser feito naquele momento. A Inglaterra
se permitiu um salto muito importante.
Ron Paul em seu livro Liberty Defined vai mais
a fundo e coloca a questão na relação governo e sociedade. O que é
governo? O que é governar? Quais os limites? O que está acontecendo
conosco na relação com os que elegemos para os cargos públicos para executar
planos de governo? Entra aqui a questão: O que o cidadão comum pode e portanto
o Estado pode também, e o que o cidadão comum não pode, e portanto, o Estado
também não pode?
Neste momento, governos são o maior Risco Moral que
podemos ter. Em particular no Brasil. Os interesses corporativos
estarão sempre mais próximos da cobrança de quem os elegeu e de quem os
financiou. Pensamos que elegemos os nossos representantes nas câmaras e
congressos. Brutal ilusão. Nós os elegemos, mas eles não são nossos
representantes. Não representam a sociedade, representam eles mesmos e seus
planos ocultos.
O GRANDE DANO DO RISCO MORAL – uma tragédia social
A questão do risco moral representa, entretanto, algo muito
mais grave. A prática do Risco Moral nada mais é do que cortar ou
abandonar caminhos corretos e simplificar soluções que não podem ser
simplificadas, nos interesses menores que infelizmente estão sempre por
aí.
A grande resultante desse fenômeno é a incompetência,
em todos os níveis da sociedade humana onde ele é permitido. A essa
incompetência se junta a ética e a moral.
Incompetência que pode chegar à escala nacional como nos
conta Jared Diamond em seus livros Armar, Germes e Aço e particularmente Colapso.
Conta-nos como sociedades entram em colapso, segundo a
história da humanidade. Repetindo, o que está acontecendo agora na Europa?
A não prática dos rituais corretos, sejam políticos ou
administrativos, quebra um ritual de séculos. A passagem do conhecimento na
história da humanidade se fez sempre pelo Não Errar. Os
resultados desse caminhar construíram os templos do conhecimento e a capacidade
de agir de forma competitiva. Por que o Japão consegue fabricar automóveis com
40% de energia a menos do que os concorrentes europeus e americanos? O Japão
sempre conviveu com muito pouca energia. Aprendeu a não errar nesse quesito.
Por que os ingleses venceram a Argentina de forma tão fácil nas Malvinas? Os
ingleses construíram o Império Britânico pelos caminhos do mar. Longa história
de não errar.
Quando o Não Errar sai do cenário, o que entra
no seu lugar? O Risco Moral entra em toda a sua plenitude. Nesse
contexto, os fundamentos filosóficos de Liberdade vão para o ralo da nação.
Falta o respeito a tudo e a todos.
No nosso Brasil, seja no poder público, seja nas empresas,
cortar caminhos e simplificar soluções que não podem ser simplificadas é
solução do dia a dia. Decorre que os que estão no poder, em particular em
cargos de gestão pública, não conseguem fazer nada correto. Tudo é acordo e
conveniência. Rabos presos em todo lugar. Nesse jogo, o Brasil continua
com seu desenvolvimento sempre precário, sempre a menor do que precisa ser.
Luiz Bersou com colaboração do Sr Caio Márcio Rodrigues.
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