12 de dezembro de 2012

Diálogos de Platão no Brasil e a ética


Os diálogos eram forma concreta de debate que gerou um grande patrimônio para a humanidade que se sustenta até hoje.O que tinham de mais profundo era o debate em si, que proporcionava a cada um que dele participasse, a oportunidade de manifestar o seu ponto de vista.
Acho que no Brasil regredimos nesse ponto. Será que somos capazes de sustentar diálogos? Estamos criando um ambiente do nosso blog no Facebook, com a ajuda do nosso grande amigo Caio Márcio Rodrigues. Vocês querem participar?

A questão da ética
Com frequência nos diálogos de Platão se fala do amor. Pergunto, há maior manifestação de amor do que a Ética? Do que a Virtude?

O que é então a Ética? Existem tantas definições! Tantas filosofias originais de pensamento. Na tentativa de responder cabem algumas perguntascomo alimento para o nosso Diálogo. (1) Por que ao longo dos séculos se considera que o primeiro mandatário de uma nação deva ser o altar da ética do seu povo, da sua nação?(2) Por que no ambiente das empresas, Peter Drucker disse que o papel do presidente é o de dar à empresa a sua personalidade e ética?(3) Por que ao longo dos séculos, trair o altar da ética era o pior crime que um governante podia praticar? Traição à sociedade?

Esse pensamento existiu. Foi realidade. Foi fator maior da preservação de nacionalidades, de sociedades, de povos. Ética sempre manteve povos unidos.

Para a sustentação do nosso diálogo, cabe a pergunta: Teria sido então a Ética, ou a cobrança do respeito à moralidade, do cumprimento das regras éticas o que teria mantido povos unidos ao longo de séculos? O que levou à desunião de tantos povos?

Voltemos à nossa atualidade e vamos tomar conhecimento de estudos de término recente, conduzidos por pesquisadores como o biólogo Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard. Em texto de Jeronimo Teixeira, a respeito do trabalho de Wilson, aprendemos que a evolução do altruísmo é o problema teórico central da sociobiologia, ciência que busca entender em bases biológicas o comportamento social de animais e do homem. Grosseiramente, podemos dizer que a bondade gera progresso econômico. Esta é outra realidade. Os fatos comprobatórios existem. Se ética é uma manifestação de amor, então ética conduz ao bem de sociedades e nações.

Vamos agora retroceder novamente alguns séculos e nos fixar no que nos conta hoje o historiador Gordon Wood. Ele tem uma abordagem magistral sobre o que foi a ação dos Fundadores dos Estados Unidos. Escreveu: ser um americano não é ser alguém. É acreditar em alguma coisa. Fantástico! Absolutamente fantástico.

No caso, era acreditar em um conjunto de ideias que representavam cenários de liberdade, respeito e convivência em sociedade. O historiador comenta que esse credo permaneceu importante até a 2a Guerra Mundial, quanto o aparato burocrático de governo para sustentar a guerra começou a pesar na vida dos americanos. O aumento do poder do estado acabou por minar princípios centrais de ética e liberdade (Liberty Defined, Ron Paul).

Quando morava em Milão na década dos anos 60, percebi um dia que as igrejas e outros locais de coletividades ficavam cheios à noite. Um frio danado. Pesquisando descobri que a razão eram debates sobre os programas de governos dos diferentes partidos. A população do bairro estava presente. Discutiam programas a serem executados. Não discutiam nomes de políticos. Naquela época, de um período de crise crônica, a Itália encontrou um longo período de crescimento. Havia todo um conjunto de ideias. A luta por elas fez bem.

Temos então algumas questões a mais para a colocar nesse Debate. (4)Por que que podemos deduzir que dimensão de estado e ética são entidades antagônicas?(5) Por que Estado hipertrofiado, pesado, grande, não tem ética? Portanto, Estado pesado, grande, não constrói riqueza? Buscando apoio na fala de Gordon Wood, vamos então a uma outra pergunta: (6) em que os brasileiros acreditam?

Se estudarmos a busca primal do homem, aprendemos que sempre existiram ciclos de demandas: ter comida, roupas, moradia, como um primeiro ciclo de atendimento de necessidades. Em seguida o acesso ao trabalho, estudo, deslocamento. Depois vem a família, a preservação do ambiente familiar, o direito ao futuro, o laser e por fim o alimento para a alma.

Temos no Brasil segmentos de população nos diferentes ciclos de demanda. Os que apenas tentam sobreviver, os que desistiram de sobreviver, os que sobrevivem e querem crescer, os que já têm outras necessidades diferenciadas. O mesmo acontece em tantos outros países. Por outro lado, sabemos que sociedades de consumo apenas consomem, não pensam e não lutam. O consumo as anestesia, fazendo esquecer a necessidade de luta por uma sociedade melhor.

Nesse contexto e universo de necessidades, vem a nossa pergunta final: (7) há espaço no Brasil para acreditarmos em alguma coisa pela qual valha a pena lutar, sair do nosso conforto passivo, lascivo e crônico e levantar algo de bom como bandeira da sociedade?


Luiz Bersou


Um comentário:

Guaicurú Neto disse...

Dizem que para um barco sem destino não existe vento a favor! É urgente a necessidade de se definir um objetivo para a sociedade brasileira, um plano maior para o progresso comum. Assim como na China foi definida a busca pela abertura e criação de infra-estrutura a alguns anos, na Coreia do Sul o plano de educãção nos anos 90 e demais exemplos. O Brasil precisa de um norte.

Um abraço

Paulo Henrique G. Antello e Silva