2 de junho de 2009

Presidentes de empresas: por que raramente contamos com os recursos humanos que desejamos e precisamos?

Durante anos pesquisamos os temas ligados à questão da “Resposta ao Comando”. Depois de muito investimento, nos demos conta do quão pouco esta questão de resposta ao comando depende dos comandados. Há muito mais questões a serem discutidas do lado do comando do que do lado da resposta ao comando. No momento em que os temas ligados à gestão de competências começam a ficar na moda, é interessante trazer à tona esta experiência.


O que aprendemos com o tempo: a resposta de nossos colaboradores depende muito mais de planejamento e capacidade de antecipação, do que de conhecimento e capacidade de respostas rápidas em relação a situações confusas, que é o que estamos vivenciando sempre.

Como olhar esta questão? Temos o hábito de pensar que nossos colabodores são recursos que devem resolver os nossos problemas. Esquecemos que os colaboradores são apenas parte dos recursos. Quais são os demais recursos que estão sempre faltando?


1ª premissa: Quanto menos recurso é alocado em relação aos nossos colaboradores bem como também em relação à sua remuneração, mais recursos de planejamento e métodos de trabalho se fazem necessários. Não existem milagres. Não existe sopa barata! Em outros países paga-se mais, mas o planejamento está presente. Tudo dá certo.


2ª premissa: O principal conhecimento do trabalho em conjunto é o de visão e o de planejamento. Este conhecimento é o repositório de todos os demais. O conhecimento individual e a capacidade de resposta indivudual vêm depois como elo de corrente que se encaixa no lugar certo.


3ª premissa: Não existe planejamento sem visão e não existe controle sem planejamento. “Planejamento x Controle” e “Controle x Planejamento” são entidades siamiesas. Uma não pode existir sem a outra. Nas atividades do nosso dia a dia, queremos controlar o que não foi planejado. Não dá certo!


4ª premissa: Gastamos furtunas em treinamento. Acontece que treinamento de funcionários não compensa a falta de planejamento da empresa. Podemos até ensinar a eles o planejamento de suas tarefas, mas este planejamento deve necessáriamente ser inserido e sincronizado com o planejamento das cadeias de processo e de trabalho. Esta inserção não ocorre na prática!


5ª premissa: Se os colaboradores não têm seus talentos individuais, sua vocação, alinhados com as tarefas que devem sustentar e responder por elas, tudo fica mais difícil. Esta visão de alinhar talento com tarefa já existia na antiga Grécia. É o antigo “Talòs” que quer dizer estar com os deuses. De Talós vieram as expressões talento e vocação. Hoje em dia poucos se dedicam a tema. Sempre foi e sempre será a questão básica nos equilíbrios de conhecimento e atitude em trabalhos em equipe. A gestão de competências deveria se preocupar mais com esta questão.


6ª premissa: O principal fenômeno que mata as competências individuais é a gestão por reação a problemas. Gestão reativa requer poder para agir, que eles raramente têm, requer uma condição de atitude que nem sempre está disponível em nossos colaboradores por questão de cultura da empresa. Requer velocidade em relação à qual nunca se tem uma boa noção por falta de visão do conjunto de problemas que estamos enfrentando. Quando a gestão é por planejamento e antecipação, a capacidade de resposta, qualquer que seja o nível e formação de nossos colabordores é sempre muito maior. Somos testemunhas de como pessoas muito simples podem fazer muito mais se estão inseridas em tarefas com visão e planejamento que eles entendam. Este é o conhecimento que aciona os outros conhecimentos.


A propóstico: um dos melhores exemplos da nossa experiência foi a inserção de cortadores de cana no interior de São Paulo em uma planta que opera produtos quimicos.


Aí vem uma questão chave: por que as equipes de RH raramente estão inseridas nas questões de planejamento da empresa? Inserir RH nas questões de planejamento de empresa é um dos passos que ainda engatinha e que precisa ser tonificado, pois os resultados costumam ser muito rápidos.


Luiz Bersou