26 de fevereiro de 2013

Brasil - País das Instituições com prazo de validade vencido


As instituições que representam a vida de uma Nação
Tudo o que funciona em um país, acontece por conta das Instituições que estão estabelecidas. Do lado governo temos o congresso, o executivo, as instituições de governança, as empresas públicas, a justiça, o sistema de saúde e ensino e assim por diante.

Do lado privado temos tudo que é fruto da iniciativa privada, as empresas, as escolas, os sistemas de saúde e tudo o mais que pode se desenvolver com mais ou menos vigor, em função dos mecanismos de restrição e regulação que as entidades de governo colocam em funcionamento.

A curva de vida e o prazo de validade
Tudo o que é criado vive segundo uma “Curva de Vida”. Nasce, cresce, amadurece, fenece e morre. É normal, é da natureza dos homens e das coisas. Um automóvel tem sua curva de vida. Uma casa idem. Pessoas,escolas, universidades, também. Até igrejas passam por esses inexoráveis ciclos de transformação.

Países inteiros passam pelo mesmo ciclo de vida e transformação. Todos estão condenados ao ciclo de transformação. O que acontece com países, acontece com empresas, com empresários, com governantes e governados. Tudo tem começo, meio e fim.

O fato concreto é que Instituições que os homens criam, passam sempre e necessariamente pelo mesmo ciclo de vida e transformações, envelhecimento e morte.

A revitalização e o rejuvenescimento
Assim como a Fênix que ressurge das cinzas, muitos fazem do ciclo de vida e transformação, a ferramenta para a sua revitalização, o seu rejuvenescimento e o seu retorno à luta e à vida.

Temos exemplos de negócios que se mantém vivos, preservando suas características desde os anos 1.400 (Zaragoza, Espanha) . A Universidade de Grenoble vem dos anos 1.200. Conheci empresas com histórico de 700 anos (Japão). Empresas com 200 anos de vida, 150 anos, 100 anos tem muitas por aí. No Brasil conheci duas com mais de 100 anos.

Vem então a pergunta: o que é perene e o que não é perene nos ciclos de vida e transformação?

Como resposta vamos ao caso famoso, do dono de uma importante empresa japonesa, que montou antes de morrer um plano de estratégico para 250 anos. Passaram-se mais de 70 anos e o plano está valendo. Qual a razão desse sucesso, dessa manutenção no tempo do valor da proposta? Os fundamentos filosóficos que ele estabeleceu para a empresa. Quando da crise de 2008, foi uma das empresas que sofreram menos no Japão.

Filosofia como fundamento de vida
Quando os “Fundadores” escreveram a Constituição Americana, criaram uma referencia de valores humanos extremamente forte. O historiador Gordon Wood escreve que os Estados Unidos nasceram como a nação dos que acreditam nos seus fundamentos. O cidadão americano não o é por que nasceu nos Estados Unidos, mas o é por que acredita nas ideias que permeavam a Constituição Americana.

A estruturação do governo americano, a partir da 2a guerra mundial e como decorrência da Guerra Fria, prejudicou muito esse conjunto de crenças, com a burocracia disputando espaço com a filosofia. A filosofia perdeu muito, mas muita coisa boa está lá, intocada.
No caso brasileiro, no caso da Constituição do Brasil, no que acreditamos? Uma constituição fundamentada em direitos e deveres? Controladora? A serviço de governos? Quais princípios, quais fundamentos?

O Caso Brasileiro
Nascido como mera colônia de um pais com registros históricos marcantes de fechamento de escolas e analfabetismo estarrecedor de sua população, onde o mais importante era obedecer aos senhores, fomos aceitando uma enorme série de regras, mandos, desmandos, marcos regulatórios que permeiam a nossa vida e nos faz ser um dos países mais caros e lentos do mundo. Somos caros, lentos e somos pobres.

Essa herança quase genética está presente até hoje na vida social, familiar, na vida das instituições publicas e tudo aquilo que representa as relações com os estamentos do poder.

Aceitar o poder das instituições, aceitar o seu envelhecimento e aceitar viver submisso a elas faz parte do nosso dia a dia. Convivemos com uma enorme série de instituições que envelheceram, não se renovaram e perderam assim o seu prazo de validade. Apenas servem para manter o país andando a passos de tartaruga sem rumo por aí.

Diferentemente dos que percebem a atrofia e lutam pela modernização, é característica brasileira a manutenção do “status quo”, como algo mais plausível e razoável nos governos, nas entidades de representação e nas empresas. Temos um comodismo histórico. Nada deve mudar, para que nada mude. A democracia a serviço do poder, em troca da liberdade original da qual todos viemos (Ron Paul, Liberty Defined).

O momento que vivemos
Com efeito, vivemos um momento marcante. Nossas escolas estão obsoletas. A gestão de nossas empresas é obsoleta. Nossas infra estruturas estão obsoletas, os governantes são obsoletos, as estruturas de governo são obsoletas e nós, governados, somos obsoletos também.Abrimos mão da liberdade primal de Ron Paul. Somos obsoletos e lentos. Tudo devagar, quase parando. Nascidos em berço esplêndido, e por isso mesmo, sempre adormecidos.

Os riscos do Momento Presente
Estamos sofrendo um processo violento de desindustrialização. As médias e pequenas empresas convivem com elevadas taxas de mortalidade. Precisamos da indústria. Ela nos dá ciclos econômicos curtos que consomem menos capital de giro e nos ensinam a construir.

Sinais negativos, apesar de todas as falas dos governantes estão por toda parte. Estamos em um momento em que o governo anuncia recordes de arrecadação de impostos em cima de um país que não anda. Só promessas. Como sempre foi. Vivemos uma história da Carochinha. E acreditamos.

A reversão do Momento Presente
Está claro que a experiência brasileira com liderança políticas deixa muito a desejar. Entidades que restam e ainda permitem o debate e a construção de propostas são hoje em dia somente as entidades de representação de empresas, justamente as mais sacrificadas pelo modo de atuação dos governos.

A reversão do prazo de validade de nossas instituições precisa partir da base empresarial. O empresário precisa se manifestar. Afinal é ele que paga as maior parte das contas.



Sabemos o que dizer do palanque, não sabemos o que fazer na prática

Na maior parte dos países mais desenvolvidos, verificamos que ao andar das mudanças de governo, muito pouco se mexe nas suas estruturas. São estruturas profissionais, técnicas, não são estruturas políticas.

Por serem estruturas profissionais, técnicas, elas evoluem e se modernizam. Existem critérios de governança para a busca dos desempenhos necessários. Todas têm como objetivo o atendimento às necessidades do cidadão. O cidadão é o cliente. Cliente é rei.

Quando as estruturas têm caráter político, como claramente é o caso brasileiro, o que temos é uma luta permanente pela preservação dos cargos e do poder. As instituições passam a atender os interesses de quem as ocupam, e nessa condição a função vital é invertida. É o cidadão que está a serviço do governo, e não o governo que está a serviço do cidadão. Os esforços de desburocratização sempre morrem pelo mesmo motivo. Criar dificuldades para vender facilidades.

Como ficam nossos empresários nesse mundo todo?

Luiz Bersou