Tem sido pronunciamento constante do governo a determinação da erradicação da miséria. O tratamento é diferente para a questão da erradicação da corrupção. Não existem objetivos em relação a essa última questão.
Visitando a história aprendemos que nunca se erradicou a miséria na grande maioria dos países. Sabemos que superar a miséria não é somente uma questão de manifestação política. Superamos a miséria ensinando os cidadãos a ingressar em ciclos econômicos. Observando a história percebemos a enorme incidência de miséria entre as sociedades que não sabem vender, não tem história de comércio. Por outro lado, as sociedades com história de comércio sempre apresentaram indicadores expressivos de riqueza.
Toda vez que segmentos da sociedade se organizam para vender a sua produção sem cair nas mãos de intermediários problemáticos, a riqueza aparece. O padrão de vida melhora. O que fica em evidência: trabalham-se anos para produzir resultados com a miséria ao lado. Sabendo vender, a miséria começa a ir embora.
O que se coloca aqui vai contra propostas históricas. Fazer crescer o bolo para o dividir em seguida. Tirar do rico e dar para o pobre. Na verdade, as sociedades que quiseram e se uniram, sempre souberam sair da miséria. Temos muitos casos a contar no caso do Brasil. Não foram os políticos que fizeram isso por elas.
Quando a sociedade como um todo está em crescimento econômico, fica mais fácil erradicar miséria. Cabe então a pergunta: que crescimento vamos ter? No passado construímos nosso parque industrial em boa parte com investimentos estrangeiros. Entendo que o nosso potencial de produção da terra vai também crescer em sua maior parte por investimentos estrangeiros. Não temos recursos.
Mostramos recentemente que em muitos países ocidentais foi construída um grande dívida sem que tenha havido o correspondente aumento do PIB desses países. No caso brasileiro o aumento constante do endividamento é decorrência dos gastos exagerados do governo. Na verdade, não está havendo aumento da riqueza. O consumo aumenta por que está sendo financiado. Pouco bolo para ser distribuído.
Fazendo um comparativo entre a poupança na China e a poupança no Brasil e a situação de investimento decorrente, percebemos a enorme distância entre a capacidade da China em gerar riqueza e o nosso caso.Ficamos atentos ao testemunho sobre a recuperação econômica da Islândia que se inicia, com a explicação singela: gastar menos do que se ganha.
Ao longo dos anos, vimos os países financiarem Copas do Mundo e Jogos Olímpicos. Acho que nunca os dois juntos. Na prepotência de nossos governantes, nos comprometemos a investir nos dois praticamente ao mesmo tempo!
Vamos ter recursos? Por que será que a Grécia foi o primeiro país a entrar em crise? Em boa parte não seria decorrência dos investimentos feitos para bancar os Jogos Olímpicos? O que vai então acontecer com o Brasil? Mais recursos vão faltar?
O que pode acontecer então? O Brasil não tem um grande potencial de crescimento por investimento pois falta poupança interna. A saída seria mais endividamento. Dado o contexto mundial atual, o Brasil vai crescer pouco. Não o suficiente para atender aos interesses políticos do governo que precisa ir atrás de mais votos inconscientes. Vão faltar recursos.
Por outro lado tivemos recentemente acesso a dados de estimativas da dimensão da corrupção e o estrago produzido no Brasil. De forma paralela ao que acontece com a miséria, a grande maioria dos países nunca conseguiu erradicar a corrupção. Sempre por razões políticas.
No caso brasileiro acontece algo pior. A corrupção é tão grande que derruba taxas de crescimento de regiões com passado de trabalho produtivo e construção de riqueza e transforma esse passado em terríveis indicadores de qualidade de vida, ensino e atendimento em saúde atuais no Brasil.
Parece-me então que no jogo politico, tentar erradicar a miséria ou combater a corrupção, não é necessário para mentes sadias, pensar muito. Combater a corrupção é muito mais eficaz. Mais uma vez, a questão é querer. Nossos governantes tem muito a explicar aqui.
Luiz Bersou
Um comentário:
Prezado Bersou. Muito acertadas suas afirmações e cabíveis suas perguntas. De fato, sabe-se que quem tem muitas prioridades, no final, tôdas elas lhe escapam. Agora, se alguem quiser ficar com uma e só uma prioridade em que atuar nos próximos anos, esta sería a CORRUPÇÃO. Só ela requeria uma simplificação enorme do que se faz desnecessariamente (inclusive as leis), e o efeito seria puxar todo o resto.
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