Lembro de um momento, na década dos anos 60, em que se
construía 11.000 km de estradas por ano. Lembro de quantas barragens em
construção visitei, que logo em seguida foram transformadas em hidroelétricas
importantes, gerando energia elétrica para o progresso do país.
Lembro ainda do tempo em que se esperava 8 anos para
conseguir uma linha telefônica, nunca esqueci o número pelo qual esperamos
tanto tempo, e o momento em que foi dito que o sistema brasileiro de telefonia
estava se aproximando pouco a pouco do desempenho do sistema francês. Lembro do
momento em que guindastes de porto no nordeste não suportavam mais do que 13
toneladas. Ainda está muito ruim, mas houve trabalho.
Um conjunto de brasileiros ilustres participou dos grandes
projetos nacionais, fizeram acontecer, cumpriram prazos, fizeram a “Entrega” do
que tinha sido contratado. Alguns deles já não estão mais entre nós, mas muitos
continuam trabalhando até 16 horas por dia. São homens de outra geração. Outro
vigor. Outro sentimento de cidadania. Um exemplo do passado para os atuais
governantes e políticos.
Em um pais sem capital, sem recursos, criaram esses grandes
projetos que tinham como característica importante a poupança forçada.Em outros
momentos, o conceito de poupança forçada para projetos de saúde virou piada.
Faltou o respeito do governo à proposta que tinha sido aprovada. Tudo mudou.
Costumo dizer em palestras que se Brasília fosse construída
no momento atual, levaria mais de 100 anos para ficar pronta. Custaria uma
fortuna que a inviabilizaria. Nunca ficaria pronta.
O povo brasileiro que teve no passado potencial para
construir o país, abdicou dessa força que o caracterizou em outras épocas.Por
conta dessa situação, o país está sem Planos Estratégicos. O único plano que
existe no momento atual é o plano para ganhar as eleições de 2014.
Criamos uma falsa democracia pela qual o país, cada um de
nós, está entregando a cada dia que passa a sua liberdade. Os governantes
conseguiram entrar nos meandros mais ínfimos e íntimos do funcionamento de
nossa sociedade e interferem em tudo. Controlam tudo. Somos reféns e
trabalhamos para o Estado. Pagamos para que eles cada dia que passa nos
controlem ainda mais. Não são eles que trabalham para nós e fazem o que precisa
ser feito.
O que está acontecendo é algo de absoluto desrespeito ao
povo. O jogo atual, onde tudo é voltado a ganhar as eleições é uma traição ao
país. Não serão esse governo e os atuais partidos políticos, que vão construir
o país que desejamos. Não podemos mais contar com eles.
Para agravar a situação, os governantes estão sem
interlocutores de oposição. Todos são cumplices. Fazem o que bem entendem. Como
não há competência, fazem o pior. Tudo errado. Quantas vezes vimos investidores
hesitantes, dado o descalabro das palavras dos nossos governantes?
Que alternativas temos então? No momento atual, somente
reforçando as entidades representativas empresariais teremos capacidade de
voltar a construir os grandes planos estratégicos do passado. São as forças
naturais e livres que sobraram. Sem tutela de estado.
Essas entidades representam uma força técnica, de
conhecimento e política que hoje trabalham em temas que podem ser potenciados.
Sair da defesa dos interesses individuais de cada um e ir para o grande jogo de
reconstruir um país que está se desestruturando.
Essa tarefa é urgente. Não pode ser mais postergada. Os
líderes empresariais precisam construir um pacto para que nosso país deixe de
ser objeto de um projeto de poder continuísta, em que o que somente interessa é
poder e mais poder. A continuar nessa toada, eles ganham poder e cada um de nós
perde a liberdade que se esvai a cada dia.
É bom lembrar que Cuba é uma referência para os políticos
que sonham com projetos de poder. A exemplo do que acontece lá, muitos de nós
já não sabem mais o que é democracia verdadeira e liberdade. A esse respeito,
sugiro que leiam o livro Liberty Defined, de Ron Paul. Ele vai nos permitir
perceber o quanto estamos perdendo em termos de liberdade.
“O descontentamento é o primeiro passo para a evolução de um
homem ou uma nação”. Oscar Wilde.
Luiz Bersou
3 comentários:
Mais um excelente texto, reflexão muito válida. Me tornei um visitante assíduo, parabéns Sr. Bersou.
Faço minhas as palavras do Danielson. Sua matéria de hoje, Bersou, acertou na mosca: o que era um Brasil, virou um cartum.
Olá Luiz, bom dia, estas novamente de parabéns pelo texto. Hoje é notável a luta pela perpetuação informal do poder no Brasil. E quem paga o preço é o povo. A alternância é fator chave para o desenvolvimento e desarticulação de esquemas de corrupção.
Tomemos a dianteira nessa luta!
Um abraço Paulo
Postar um comentário