Inquisições: Desde o ano de 1.180, temos
registros na Europa, da disseminação e proliferação das Inquisições. Em
diferentes formatos e consequências, esse fenômeno se apresentou até além do
ano 1.800. Foi todo um esforço para manter hegemonia de poder, seja pela
igreja, seja pelos estados que davam suporte.
Hegemonia do poder: esta questão era colocada
de forma muito simples: aceita e obedece ou é herege, condição para a qual valia
a tortura e a pena de morte. Muito foi escrito a respeito. Muito pouco foi
contestado.
O Fato Novo:Um dos mais importantes
acontecimentos que começaram a derrubar essa hegemonia foram as atitudes e
procedimentos de Lutero. Ao incentivar a leitura da Bíblia, ao traduzir a
Bíblia para o alemão, ele criou uma explosão de interesses.
O aprendizado da escrita e da leitura levou ao que hoje
chamamos de “Conhecimento”. Desse “Conhecimento vieram muita ciência, inovação,
poder político e militar e riquezas”.
Lutero foi uma das figuras magníficas da sua época, que
despertou a sociedade de um apagão intelectual. Começou a injetar a contestação,
o debate e disso tudo, a lucidez do progresso
intelectual, político e econômico.“Sem a boa luta não há
consolidação dos princípios da sociedade – Esdras Borges Costa”.Não cabe a
ideologia e nem a obediência.
No período mencionado, tivemos também nos diversos países,
movimentos de ascensão e queda de poder. O poder sempre precisou de recursos,
em geral cobrava o que o povo podia pagar. Dessa forma tinha sempre interesse
em não matar o progresso econômico de seus súditos.
De qualquer forma foi se estabelecendo na população a noção
dos direitos próprios dos estados e das populações. O Estado passou a ter
interesse vital no progresso da nação. Regras de convivência foram sendo
desenvolvidas / impostas entre os grupos sociais e isso acontece até hoje.
O papel do Estado: Ao longo dos séculos, com
referências desde o ano 1.140, na Inglaterra, para se defender do poder do
estado e da igreja, tivemos a formação das Corporações de Trabalho, que hoje
são as entidades de classe e sindicatos. Mais tarde nasceram as câmaras de
representação popular e em seguida as câmaras de representação e negociação com
o poder central.
Durante séculos, essa evolução passou pela discussão do
papel do Estado diante da sociedade. A Lógica do Papel do Estado acabou se
convertendo na Lógica Estratégica da Nação.
A lógica das Corporações de Trabalho: Sendo o
esteio da produção econômica do território, as Corporações de Trabalho sempre
tiveram uma importância vital. Papel importante em frenar o apetite fiscal
sobre o trabalho e a produção, mas mais do que isso, a organização do trabalho
acabou influindo na organização dos governos e territórios e foi papel
importante em despertar no estado a percepção da importância da produção.
No Brasil, percebemos há anos que o peso do Estado aumenta,
os impostos aumentam e a produção e o
investimento diminuem. Tudo isso porque há um raciocínio perverso pelo qual o
Estado é mais importante do que a produção. Um absurdo.Ron Paul, em seu livro
Liberty Defined, trata essa questão como perda de liberdade. Ele tem toda
razão.
Percebemos em muitos casos que as antigas Corporações de
Trabalho, pelo cerceamento de sua liberdade esqueceram a sua importância
histórica e o poder e o direito que têm de defender a condição competitiva de
seus associados. Houve uma evidência de submissão política e intelectual aos
interesses do estado que foi se agravando dia a dia. Deixou de existir
liberdade.
Interesses de curto prazo atrasam o país: Esse
tipo de involução tem acontecido porque as Corporações de Trabalho entraram no
jogo do interesse de curto prazo. Entraram no jogo da proteção de interesses e
esqueceram que a melhor e maior proteção é a potência competitiva de todos e de
cada um. A competência competitiva de todos e de cada um é a melhor arma
para o progresso.’
A questão da formatação estratégica da relação entre poder e
trabalho perdeu conteúdo e lucidez.Pela sua posição e papel no cenário
socioeconômico, parece claro que cabe aos empresários corrigirem a distorção que
caracteriza essa situação.
Conclamação à ação: Precisamos de fatos novos. Essa
reação passa por nossa proposta de que cada entidade representativa faça um
repensar estratégico e trabalhe na busca da competitividade com a lucidez
estratégica que está faltando nesse momento, defina os princípios e a base
da competitividade de cada setor, e crie seu projeto de construção da
competitividade.
Luiz Bersou