3 de agosto de 2010

A FILOSOFIA E AS LEIS DA "INOVAÇÃO"



Charles Darwin no magnífico “A origem das Espécies” nos mostra conhecimentos que podemos aproveitar no discurso da “INOVAÇÃO”.

Tudo o que Darwin mostra como desenvolvimento das espécies, animais ou vegetais, é evolução. Vemos então que evolução é a inovação da natureza. A inovação na natureza é sistêmica e inexorável. Desta inovação vem a sobrevivência e a capacidade para lutar e vencer.


Verificamos que ao longo dos milênios, a natureza desenvolveu mecanismos de inovação altamente eficazes. A observação e estudo desses mecanismos podem melhorar os nossos esforços em inovação. Podemos então fazer correlações com o que acontece na natureza, suas leis e o que acontece nas empresas.

AS LEIAS E OS ELEMENTOS COMUNS NOS PROCESSOS DE EVOLUÇÃO E INOVAÇÃO


MINIMALISMO
A natureza é minimalista. Os povos ditos primitivos eram minimalistas em suas relações com a natureza. Tudo o que era feito ou construído tinha a visão do menor consumo de energia e de equilíbrio com o seu entorno. Não gastar ou consumir mais do que o realmente necessário. A natureza não pratica tarefas inúteis e não gasta energia com o que não contribui para o sucesso do ser vivo. Na natureza não existem empregos falsos.

A busca do conteúdo energético menor tem então uma grande força nos processos de evolução por que em sistemas de energia constante, o menor consumo de energia significa capacidade de ataque maior.

Tema que gostamos de discutir em palestras é a diferença entre a grama e o mato. Imaginemos um campo de golfe lindo, grama perfeita. Deixemos este campo por própria conta. Com o tempo, o mato domina a grama. Por quê? O mato é uma entidade biológica que consome muito pouca energia para se sustentar e por isso tem muita energia para avançar sobre o mundo à sua volta. A grama é uma entidade biológica que consome muita energia para se sustentar e por isso tem pouca energia para avançar sobre os outros. Nesta globalização, onde todos se encontram, nossas empresas são a grama. O Brasil é a grama. Os chineses atualmente são o mato.

MINIMALISMO - A NATUREZA NÃO REAGE, MAS SE VINGA
Estamos no momento atual vivendo a situação pela qual a natureza que sempre absorveu todos os nossos desaforos, nos mostra que passamos dos limites. Precisamos então de uma intensificação da busca do minimalismo nos nossos processos de inovação. Até agora a sociedade viveu do êxito do trabalho focado no consumo. Agora temos que aprender a ganhar dinheiro com a sustentabilidade. A economia da sustentabilidade pagará por isso.

A NATUREZA E A INEXORABILIDADE DA INOVAÇÃO
Dentro do mesmo mapa mental pelo qual analisamos os temas de inovação, nos damos conta de que a inexorabilidade é condição “Sine Qua Non”. É o mecanismo pelo qual se criam seres mais fortes. Entidades mais fortes. Empresas mais fortes. Neste contexto atual de globalização acelerada, quem não inova fica para trás. Quem vai ficando para trás começa a morrer.

A NATUREZA E A DINÂMICA DA INOVAÇÃO
A natureza mostra que a inovação é decorrente de processos de trabalho contínuos, minimalistas e formados de etapas que se sucedem em um crescimento. A pequena inovação gera a inovação um pouco mais importante, esta, outra ainda um pouco mais importante e assim por diante. Buscar o pequeno, de forma sistêmica, cria o caminho para construir o grande. Poderemos então ter a grande inovação, a empresa muito mais competitiva.

AS ANTENAS EXTERNAS E A CAPACIDADE DE RECEBER A INFORMAÇÃO
Na natureza, a interfaces do ser vivo com o ambiente externo são as suas antenas externas (a pele de um animal, por exemplo, as raízes de uma planta) e permitem a captura de informações que são enviadas à entidades internas deste mesmo ser vivo. Elas fazem o papel de centrais de conhecimento, que ordenam, acumulam e estruturam permanentemente este conhecimento. No devido tempo, processamentos para acionamento da transformação.

Como a natureza é sempre mais sábia, percebemos que nela existe o equilíbrio entre a qualidade da coleta e a capacidade de acolher a transformação e, no devido tempo, a transformar em vetor de evolução.

No mundo empresarial, os nossos contatos externos, nossos vendedores, nossas equipes de assistência técnica tem o potencial de coletar informações que são as necessidades dos nossos clientes. Eles são a antena externa do ser vivo que é a empresa. A sensibilidade desenvolvida ou a ser desenvolvida para esta coleta pode nos trazer argumentos preciosos.

Nas empresas que de forma planejada ou mesmo intuitiva criam estas centrais de conhecimento, melhoram o desempenho das antenas externas, pois essas sabem para onde enviar o conhecimento adquirido, existindo condição de diálogo mínimo e a construção da sensibilidade para uma coleta cada vez melhor pode ser trabalhada.

A QUALIDADE DA AÇÃO DA INOVAÇÃO NA NATUREZA E NAS EMPRESAS
Na natureza percebemos que tudo que é colocado como processo de evolução leva a resultados finais. A natureza sabe colocar em prática o que ela cria. Ela não fica pelo meio do caminho.

Aqui empresários têm grandes problemas. A taxa de sucesso de introdução da inovação no mercado costuma ser muito baixa. As últimas estatísticas que vivi, indicavam taxa de sucesso de apenas 10% entre inovação desenvolvida e inovação com sucesso de mercado. Percebemos então que inovação não é somente inovação. Ela é um ciclo de atividades, um ciclo econômico e financeiro.

O CICLO ECONÔMICO DA INOVAÇÃO
Podemos ter inovação em tudo na vida. Processos de trabalho, formas de relacionamento, diminuição de custos e apresentação de novos produtos ao mercado. Vamos discutir aqui inovação como novos produtos. A curva abaixo nos mostra curva de vida e curva de liquidez correspondente de determinado produto.







A tabela acima nos leva então às seguintes reflexões:

1. O equilíbrio econômico de nossas empresas depende muito daqueles produtos que estão em fase de maturidade.
2. O bom estrategista sabe equilibrar os diversos produtos em suas diferentes fases.

De certa forma, todos querem o que é representado no gráfico abaixo, conseqüência de boas estratégias em inovação sistêmica de produtos.

Aquele que tem experiência em planejamento da inovação não permite que ocorra a curva abaixo, na qual houve retardamento do ciclo de inovação.

A QUALIDADE DA INFORMAÇÃO COLETADA PELAS ANTENAS EXTERNAS – O CONCEITO DE IMERSÃO PROFUNDA
Na natureza, a qualidade da coleta da informação é sempre produto de evolução das necessidades do ser vivo em suas interfaces com o ambiente externo. A captura dessa necessidade é longa, mas a natureza não tem pressa. Na empresa, onde a velocidade das transformações conta, a transferência do conhecimento em relação às necessidades de nossos clientes ou de outras mutações que estão ocorrendo nos cenários nem sempre é evidente e sempre fica abaixo do necessário.

A ruptura desse modelo é feita pelo conceito da imersão profunda no cliente. A empresa 3M é um excelente exemplo. Como sempre entrega qualidade, a imagem de qualidade abre portas em seus clientes para processos permanentes de discussão do desempenho dos produtos 3M. O sucesso promove o sucesso em escala crescente porque a missão do vendedor é vender, mas também discutir como o cliente faz uso dos seus produtos. Trabalhei com uma empresa de Grenoble na França, com uma grande capacidade de geração de novas patentes. Trata-se de uma empresa sofisticada, nascida do projeto nuclear francês. O seu presidente dizia sempre: as nossas patentes nos foram dadas pelos nossos clientes.

PREPARAÇÃO DA EMPRESA PARA INOVAÇÃO DE ALTO VALOR ESTRATÉGICO
Tema extremamente interessante e muito importante. Pesando os elementos que compõem a metodologia do Jogo Estratégico da empresa, temos os seguintes elementos.

Jogo Estratégico = Gestão do Conhecimento  Plantar & Colher  Motor da Inovação  Escalada Estratégica  Inovação Estratégica  Capital & Poder.

Desenvolveremos esta parte em outros artigos.

Um comentário:

Marcos C. Ribeiro disse...

Caro amigo Bersou ,

O artigo está ótimo, oportuno, provocativo e muito profundo ainda que sintético.
O paralelo com a Natureza me fez pensar que esta é mais uma forma orgânica de entender e tocar pra frente uma organização , falando do orgânico no sentido do conceito Victor Pinedo que já discutimos.
Abraços e até sábado.

Marcos C. Ribeiro