Data de 10 de dezembro de 2008. Fizemos uma postagem em nosso blog com o título acima: sabemos o que irá acontecer, as grandes empresas vão sofrer mais e a médias e pequenas vão sofrer menos.
Data de 27 de janeiro de 2009: as grandes empresas no mundo todo anunciam a demissão de um pequeno número de colaboradores, cerca de 85.000. Esta notícia vira manchete em todos os jornais, é a calamidade, o mundo vai acabar. Vamos à realidade da vida. Os que estão sendo demitidos o são em um número muito maior e este sensacionalismo nada mais é do que um problema a mais na questão da falta de confiança que se apresenta entre nós.
Do lado Brasil, a resposta do governo vai pela infra-estrutura, o que é realmente muito necessário e mais exploração do sub sal (por que será que a Venezuela, país em relação ao qual somos intelectualmente submissos, que é um país pobre, subdesenvolvido e cheio de desempregados, tem taxa de subemprego tão elevada, mesmo com décadas de exploração de petróleo?).
Vamos agora fazer uma viagem à Itália, década de 60 quando fui trabalhar lá. A Itália era um país pobre, país de imigrantes que iam embora por falta de emprego. Naquele momento mentes sábias italianas fizeram um diagnóstico e forjaram um objetivo e uma estratégia. Grandes empresas não dão emprego na taxa que necessitamos. O que temos que fazer é valorizar a média e pequena empresa, pois estas geram mais empregos. Veio então um grande programa de trabalho.
Objetivo: Fazer crescer o PIB italiano pela via das pequenas e médias empresas e resolver o problema do subemprego.
Estratégia: Dar financiamento, tecnologia, orientação – incentivar o empresário para o valor agregado elevado (frase de uma das mentes brilhantes- precisamos colocar arte no nosso produto) e simplificar a vida dele. Nada de impostos em cascata e outras agressões do fisco brasileiro.
Temos então a história muito bem documentada de um projeto que teve grandes resultados. A mola mestra foi a seqüência:
Cadastramento Empresários > Orientação > Visão de Mercado > Tecnologia > Financiamento.
E houve muito financiamento. Aqui temos o tragicômico do subtítulo. Muito diferente do que acontece com o sistema bancário no Brasil, que eleva o spread por medo do calote (ciclo vicioso, não?). Houve inadimplência, mas o resultado final foi maravilhoso.
Resultado: O PIB italiano chegou a ser maior do que o da Inglaterra, graças às pequenas e médias empresas e formou-se um grande mercado que deu trabalho para milhões de pessoas durante muito tempo. As empresas italianas passaram a se caracterizar pela grande carga de tecnologia e inovação que eram capazes de mostrar ao mundo.
Dado relevante em relação às empresas italianas daquele período e muito interessante de se pensar em termos brasileiros é que estavam muito claras as diferenças entre trabalho, emprego, emprego falso e custo oculto. Por conta desta distinção, as empresas italianas foram muito eficazes e competitivas por um longo período de tempo. A concorrência predatória chinesa vem atrapalhando bastante, mas isso é outra história.
Será que o modelo italiano não poderia servir de exemplo para uma nova espécie de pacto tipo Moncloa, estruturando uma nova condição competitiva aqui no Brasil entre governo e entidades representativas dos empresários? Infelizmente, como dizem alguns, não temos governo, e portanto não há possibilidade de um pacto. Há muita verdade aí.
Se a rota governo não vai funcionar ou vai ser extremamente lenta, o que é a mesma coisa, o que fazer?
Neste momento de crise que vai afetar a todos, mas em particular as grandes empresas, muito do conhecimento e a tecnologia que elas detêm vai ser perdido para o mercado. Oportunidade para os outros, as pequenas e médias empresas.
Enquanto soluções estruturantes não vêm, vão avançar mais as empresas que sabem trabalhar com poucos recursos e sabem alavancar o efeito cardume do nosso blog de 10 de dezembro. Saber trabalhar com poucos recursos é saber trabalhar com grande sincronia dos recursos disponíveis.
Para avançar com poucos recursos as empresas precisam de mais planejamento e mais sincronia estratégica e operacional. Felizmente, hoje sabemos criar a tão necessária sincronia estratégica e operacional nas empresas.
Vamos tentar? Costuma dar certo!
Luiz Bersou
Um comentário:
Aprendi muito
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