Tema da moda, tem suscitado muitos debates, cursos e busca de especializações. A participação nos eventos coloca em evidência o valor da proposta. Há ainda,entretanto, um longo caminho a ser percorrido. Um dos problemas, o aumento de burocracia e custos está chegando primeiro.
A estatística mostra que as empresas do “Novo Mercado”, que apresentam certificados de boa governança, conseguem melhores preços nos pregões da Bolsa de Valores. Trata-se portanto de um resultado concreto que é a melhor valorização do preços das ações. Verifica-se que o ágio é, pelo menos em parte, decorrente do “fator moda”, presente nos temas da “Governança Corporativa”. Vem então a pergunta: em que medida a prática da Governança Corporativa está gerando efetivamente mais resultados?Como ficam em termos de benefícios as empresas que não estão na Bolsa e só podem contar com o efetivo resultado de suas operações?
As propostas de “Governança Corporativa”vieram com foco na proteção dos investidores. O tema nasceu assim. Por outro lado, a melhor proteção do investidor continua sendo, como sempre foi, a capacidade de produzir bons resultados.
O tema da produção de melhores resultados valeu para todas as grandes ferramentas de gestão e sistemas de TI do passado, que sempre se apresentaram como grandes promessas. Grandes promessas e resultados pobres. Muitas vezes, extremamente pobres. Seria a Governança Corporativa mais uma dessas promessas?
GOVERNANÇA E PROPOSTAS
Quem lê o livro “Nação Empreendedora”, de Saul Singer e Dan Senor, Editora Évora, entende as razões do sucesso de Israel como nação produtiva e empreendedora. A capacidade de convergir diferentes disciplinas para um mesmo foco muito bem definido é razão de sucesso. Uma das grandes dificuldades da cultura brasileira.
Entendo bem o sucesso de Israel pois me dediquei muito ao “Centro do Conhecimento”, presente no Conselho Regional de Administração de São Paulo, o qual, como centro de convergência de múltiplas profissões, produziu resultados muito bonitos. Muita semelhança de propostas e resultados.
Exatamente em cima desse ponto está um dos pontos fortes da “Governança Corporativa”. Proposta da visão abrangente para todos os temas que, convergindo em raciocínios, propostas e ações, contribuem para os melhores resultados das empresas.
A proposta da construção do clima interno favorável para acomodar a convergência das múltiplas disciplinas, que hoje são necessárias para lidarmos com as entidades complexas com dinâmicas de alta velocidade, os novos interlocutores do nosso dia a dia nos cenários e mercados, é também muito importante.
Pontos a favor da “Governança Corporativa”.
ENTIDADES COMPLEXAS
Uma frase famosa atribuída a Henry Ford, tem o seguinte conteúdo: fabrico carros de qualquer cor, desde que seja a cor preta. Ele estava no mundo das coisas simples. Hoje qualquer montadora de automóveis lida com centenas de opções que são oferecidas ao mercado. Do simples, para o complexo. Na padaria só tinha um tipo de pão. Hoje, padarias são entidades complexas, oferecendo centenas de alternativas de produtos. O alfaiate tinha alguns tipos de tecidos e a partir daquele estoque fazia o seu comércio. Hoje existem empresas que lançam novas coleções de vestuário a cada três meses. Do simples para o extremamente complexo, com o agravante do fator moda. O mercado vai aceitar ou não? No passado, visão de lucro no produto. Hoje, visão de lucro no cliente. Muito mais complexo. No passado, visão de EBITDA da empresa, hoje, visão de Fluidez Financeira da equação econômica de cada um dos negócios e jogos da empresa. Sempre do simples para o complexo.
O que percebemos de forma muito clara é que na gestão de nossas empresas, nos modelos de análise instalados, tratamos ainda as entidades com as quais lidamos e com as quais produzimos lucros ou prejuízos como se continuassem sendo entidades simples. Não dá mais para continuar nessa linha de pensamento.
Ponto a melhorar nas propostas de “Governança Corporativa”.
OS ATIVOS EXTERNOS E OS ATIVOS INTERNOS
Durante muitos anos estudamos centenas de empresas que tiveram graves problemas de desempenho econômico. Geramos gráficos extremamente esclarecedores a respeito. O que ficou em grande evidência foi a necessidade do chamado “Equilíbrio” entre a “Condução Estratégica e a Condução Operacional”.
O ponto forte desse fundamento é que nos “Ativos Externos”, cenários, mercados, clientes, concorrentes, produtos e tecnologia, estão os fatores de criação de vida e do futuro da empresa. É onde está o comercio de relacionamentos e a construção do fundamento tão importante que é a construção da “Venda Fácil”.
Nos “Ativos Internos”, produção, equipes, capital, qualidade, está a sustentação da vida da empresa. Temos aqui o fundamento das estratégias de curto prazo que é o “Plantar & Colher”. Poucos entendem essa relação biunívoca tão fundamental.
Ponto a melhorar nas propostas de Governança Corporativa.
VELOCIDADE DO DESCONHECIDO, GOVERNANÇA E RESPOSTA
A presença cada vez maior de entidades complexas na convivência com as empresas e seus concorrentes e a velocidade com que os fenômenos acontecem, pede novos modelos de administração.
De um lado temos a necessidade de uma visão mais abrangente compartilhada por todos os que lutam pela empresa. Somente assim os esforços são realmente convergentes. Do outro lado precisamos simplificar e muito os processos e saber construir e trabalhar com informações de alto conteúdo. A gestão pelos “Grandes Números” faz cada vez mais falta. Ferramentas e respostas já existem.
Ponto a melhorar nas propostas de “Governança Corporativa”.
GESTÃO DO FUTURO, GESTÃO DO PRESENTE E GESTÃO DO PASSADO
“Gestão do Futuro” é uma expressão relativamente nova, que temos adotado nos últimos cinco anos. Será uma revolução. Muitos de nossos executivos viveram a preocupação de olhar para o passado como forma de gestão. Nos dias atuais, os processos de gestão ainda funcionam em bases mensais, dinâmicas lentas para necessidades modernas de velocidade, em particular naquilo que depende da sincronia entre os planejamentos que sustentam o operacional e os correspondentes recursos envolvidos. Esse “status quo” não serve mais.
Hoje já existem ferramentas, evoluções modernas dos antigos BIs, que nos permitem trabalhar a todo instante no futuro. Modelos de análisesimples e evoluídos, compatíveis com os “Ativos Externos”, entidades complexas, visões de cenários e mercados que permitem planejamentos contínuos e sua sincronia.
Estamos já vivendo a construção da riqueza no presente, a partir da intimidade da nossa convivência com o futuro. Esse tema será o grande diferenciador nos modelos de “Governança Corporativa” que já estamos implantando.
Anotem, construção da riqueza no presente a partir da nossa intimidade com o futuro vai ser o grande agente diferenciador das governanças do futuro.
Luiz Bersou