As instituições que representam a vida de uma Nação
Tudo o que funciona em um país, acontece por conta das Instituições
que estão estabelecidas. Do lado governo temos o congresso, o executivo, as
instituições de governança, as empresas públicas, a justiça, o sistema de saúde
e ensino e assim por diante.
Do lado privado temos tudo que é fruto da iniciativa
privada, as empresas, as escolas, os sistemas de saúde e tudo o mais que pode
se desenvolver com mais ou menos vigor, em função dos mecanismos de restrição e
regulação que as entidades de governo colocam em funcionamento.
A curva de vida e o prazo de validade
Tudo o que é criado vive segundo uma “Curva de Vida”. Nasce,
cresce, amadurece, fenece e morre. É normal, é da natureza dos homens e das
coisas. Um automóvel tem sua curva de vida. Uma casa idem. Pessoas,escolas,
universidades, também. Até igrejas passam por esses inexoráveis ciclos de
transformação.
Países inteiros passam pelo mesmo ciclo de vida e
transformação. Todos estão condenados ao ciclo de transformação. O que acontece
com países, acontece com empresas, com empresários, com governantes e
governados. Tudo tem começo, meio e fim.
O fato concreto é que Instituições que os homens criam,
passam sempre e necessariamente pelo mesmo ciclo de vida e transformações,
envelhecimento e morte.
A revitalização e o rejuvenescimento
Assim como a Fênix que ressurge das cinzas, muitos fazem do
ciclo de vida e transformação, a ferramenta para a sua revitalização, o seu
rejuvenescimento e o seu retorno à luta e à vida.
Temos exemplos de negócios que se mantém vivos, preservando
suas características desde os anos 1.400 (Zaragoza, Espanha) . A Universidade
de Grenoble vem dos anos 1.200. Conheci empresas com histórico de 700 anos
(Japão). Empresas com 200 anos de vida, 150 anos, 100 anos tem muitas por aí.
No Brasil conheci duas com mais de 100 anos.
Vem então a pergunta: o que é perene e o que não é perene
nos ciclos de vida e transformação?
Como resposta vamos ao caso famoso, do dono de uma
importante empresa japonesa, que montou antes de morrer um plano de estratégico
para 250 anos. Passaram-se mais de 70 anos e o plano está valendo. Qual a razão
desse sucesso, dessa manutenção no tempo do valor da proposta? Os fundamentos
filosóficos que ele estabeleceu para a empresa. Quando da crise de 2008, foi
uma das empresas que sofreram menos no Japão.
Filosofia como fundamento de vida
Quando os “Fundadores” escreveram a Constituição Americana,
criaram uma referencia de valores humanos extremamente forte. O historiador
Gordon Wood escreve que os Estados Unidos nasceram como a nação dos que
acreditam nos seus fundamentos. O cidadão americano não o é por que nasceu nos
Estados Unidos, mas o é por que acredita nas ideias que permeavam a Constituição
Americana.
A estruturação do governo americano, a partir da 2a
guerra mundial e como decorrência da Guerra Fria, prejudicou muito esse
conjunto de crenças, com a burocracia disputando espaço com a filosofia. A
filosofia perdeu muito, mas muita coisa boa está lá, intocada.
No caso brasileiro, no caso da Constituição do Brasil, no
que acreditamos? Uma constituição fundamentada em direitos e deveres? Controladora?
A serviço de governos? Quais princípios, quais fundamentos?
O Caso Brasileiro
Nascido como mera colônia de um pais com registros
históricos marcantes de fechamento de escolas e analfabetismo estarrecedor de
sua população, onde o mais importante era obedecer aos senhores, fomos
aceitando uma enorme série de regras, mandos, desmandos, marcos regulatórios
que permeiam a nossa vida e nos faz ser um dos países mais caros e lentos do
mundo. Somos caros, lentos e somos pobres.
Essa herança quase genética está presente até hoje na vida
social, familiar, na vida das instituições publicas e tudo aquilo que
representa as relações com os estamentos do poder.
Aceitar o poder das instituições, aceitar o seu
envelhecimento e aceitar viver submisso a elas faz parte do nosso dia a dia. Convivemos
com uma enorme série de instituições que envelheceram, não se renovaram e
perderam assim o seu prazo de validade. Apenas servem para manter o país
andando a passos de tartaruga sem rumo por aí.
Diferentemente dos que percebem a atrofia e lutam pela
modernização, é característica brasileira a manutenção do “status quo”, como
algo mais plausível e razoável nos governos, nas entidades de representação e
nas empresas. Temos um comodismo histórico. Nada deve mudar, para que nada
mude. A democracia a serviço do poder, em troca da liberdade original da qual
todos viemos (Ron Paul, Liberty Defined).
O momento que vivemos
Com efeito, vivemos um momento marcante. Nossas escolas
estão obsoletas. A gestão de nossas empresas é obsoleta. Nossas infra
estruturas estão obsoletas, os governantes são obsoletos, as estruturas de
governo são obsoletas e nós, governados, somos obsoletos também.Abrimos mão da
liberdade primal de Ron Paul. Somos obsoletos e lentos. Tudo devagar, quase
parando. Nascidos em berço esplêndido, e por isso mesmo, sempre adormecidos.
Os riscos do Momento Presente
Estamos sofrendo um processo violento de
desindustrialização. As médias e pequenas empresas convivem com elevadas taxas
de mortalidade. Precisamos da indústria. Ela nos dá ciclos econômicos curtos
que consomem menos capital de giro e nos ensinam a construir.
Sinais negativos, apesar de todas as falas dos governantes
estão por toda parte. Estamos em um momento em que o governo anuncia recordes
de arrecadação de impostos em cima de um país que não anda. Só promessas. Como
sempre foi. Vivemos uma história da Carochinha. E acreditamos.
A reversão do Momento Presente
Está claro que a experiência brasileira com liderança
políticas deixa muito a desejar. Entidades que restam e ainda permitem o debate
e a construção de propostas são hoje em dia somente as entidades de
representação de empresas, justamente as mais sacrificadas pelo modo de atuação
dos governos.
A reversão do prazo de validade de nossas instituições
precisa partir da base empresarial. O empresário precisa se manifestar. Afinal
é ele que paga as maior parte das contas.
Sabemos o que dizer do palanque, não sabemos o que fazer na prática
Na maior parte dos países mais desenvolvidos, verificamos
que ao andar das mudanças de governo, muito pouco se mexe nas suas estruturas.
São estruturas profissionais, técnicas, não são estruturas políticas.
Por serem estruturas profissionais, técnicas, elas evoluem e
se modernizam. Existem critérios de governança para a busca dos desempenhos
necessários. Todas têm como objetivo o atendimento às necessidades do cidadão.
O cidadão é o cliente. Cliente é rei.
Quando as estruturas têm caráter político, como claramente é
o caso brasileiro, o que temos é uma luta permanente pela preservação dos
cargos e do poder. As instituições passam a atender os interesses de quem as
ocupam, e nessa condição a função vital é invertida. É o cidadão que está a
serviço do governo, e não o governo que está a serviço do cidadão. Os esforços
de desburocratização sempre morrem pelo mesmo motivo. Criar dificuldades para
vender facilidades.
Como ficam nossos empresários nesse mundo todo?
Luiz Bersou